O socialismo trabalhista e nacionalista tem boa adequação com a doutrina social da Igreja

As “utopias” de homens como Gunnar Myrdal também têm um conteúdo parecido com as idéias da doutrina social da Igreja, pois Myrdal queria um Estado democrático e popular, com leis justas, uma forma de socialismo democrático e consensual, como pode ser visto no livro “El Estado del futuro” (México, Ed. Fondo de Cultura Econômico, 1961). Gunnar Myrdal é o principal teórico do socialismo sueco, com ECONOMIA MISTA, com o melhor IDH do planeta.

A Suécia e os países escandinavos ficaram com altos IDHs por causa de uns 40 anos de governos socialistas democráticos, trabalhistas. O mesmo ocorreu na Austrália, no Canadá, na Austria, em Israel (os primeiros governos foram trabalhistas) etc. 

As melhores idéias do socialismo democrático, como frisou Pio XI, na “Quadragesimo anno” (em 1931), coincidem, assim, em inúmeros pontos, com a doutrina social da Igreja, pois, no fundo, nasceram da própria fé, das raízes cristãs do socialismo utópico, pré-marxista.

Este ponto também foi explicado por autores católicos como Maritain, Mounier, Lebret, Perroux (o autor de cabeceira de Celso Furtado) e outros autores. O mesmo ocorre com inúmeros pontos do socialismo democrático de Nehru e Gandhi e com idéias do socialismo islâmico de Nasser e Kadhafi. Há pontos comuns também no socialismo budista da Birmânia e nos socialismos negros (ligados à religião) da África.

Na África do Sul, há as idéias trabalhistas e nacionalistas de Mandela, que era cristão, e não marxista. Mandela queria a estatização dos grandes meios de produção, na mesma linha do trabalhismo e da Doutrina social da Igreja, economia mista. O cristianismo nunca rejeita a verdade, venha de onde vier, e ainda mais quando as melhores idéias nasceram da Bíblia.

Conclusão: os bispos bolivianos, no documento “Reflexões pastorais” (novembro de 1976), ensinaram que “quando o poder é exercido por um grupo exclusivo, ele tende a favorecer só ou, preferencialmente, os interesses deste grupo da sociedade”. Logo, o poder deve ser exercido por todos (com a participação de todos, seguindo o principio da destinação universal dos bens), para atender os interesses de todos.