A dupla dimensão, pessoal e social, do ser humano. Razões da economia mista

O ser humano tem uma dupla dimensão (aspecto): pessoal e social. Por isso, é preciso uma síntese entre socialização e personalização, síntese que mantenha os dois aspectos, as melhores partes do ser humano.

A sociedade deve ser organizada com proteção da pessoa humana, das famílias e dos “corpos intermediários” (cf. “Laborem exercens”, n. 14; e “Mater et Magistra”, n. 42-49). 

O correto é a combinar a dignidade da pessoa humana, o primado do bem comum e os princípios da solidariedade e da subsidiariedade. 

Uma boa sociedade tem um Estado social amplo e uma sociedade vastamente organizada (como destacaram os católicos Tocqueville, Ozanam, Buchez, Ketteler e outros), com primado da sociedade sobre o Estado, devendo a sociedade organizada controlar o Estado, que deve ser um “servo” do povo (democracia real- participativa- popular)..  

Uma sociedade bem organizada combina, numa boa síntese, ampla organização social com ampla proteção às pessoas. Tem grandes estatais para bens produtivos de grande poder e também tem uma imensa “série de corpos intermediários, com finalidades econômicas, sociais e culturais” (cf. “Laborem”, n. 14), corpos intermediários que formam comunidades, com primado do trabalho. Corpos intermediários que têm “objetivos específicos, mantendo entre si relações de leal colaboração recíproca, estando subordinados às exigências do bem comum” (cf. “Laborem”, n. 14).

Estes “corpos intermediários” devem ser estruturados como “comunidades vivas, ou seja” (cf. “Laborem”, n. 14), para que “os respectivos membros sejam considerados e tratados como pessoas e estimulados a tomar parte ativa na sua vida”, autogestão pessoal, social e mecanismos de co-gestão. 

Uma boa economia mista é toda pautada pelo primado do trabalho, da pessoa e do bem comum (primado social, do bem de todos).

Conclusão: democracia participativa-popular, economia mista e Estado social se completam.