Eduardo Prado, no livro “A ilusão americana” (1893), elogia o socialismo cristão, ataca o imperialismo, o capitalismo, os milionários e bilionários americanos do Partido Republicano

Eduardo Prado (1860-1901) foi um grande erudito católico. Era amigo de Afonso Arinos (1868-1916), autor de obras excelentes como “Pelo Sertão” (1898), “Os jagunços” (1898), “Pela unidade da pátria” (póstumo, 1916).

Alceu elogiava o velho Afonso Arinos (não confundir com o udenista Afonso Arinos), Eduardo Prado e outros grandes expoentes da Igreja, no Brasil (nossa boa tradição católica social). 

Eduardo Prado foi elogiado por Eça de Queiroz, no livro “A Cidade e as serras” (Eduardo Prado é o “Jacinto”, personagem literário, hiper culto). Caio Prado Júnior foi um dos descendentes de Eduardo Prado. A família Prado também esteve presente na organização do Partido Democrático, em São Paulo, uma das forças que gerou a Revolução de 1930, o surgimento do Estado social no Brasil. 

No livro “Fastos da ditadura militar no Brasil” (1900), Eduardo Prado combate a ditadura militar, exigindo um governo civil, eleito, para o Brasil. No livro “A ilusão americana” (1893), Eduardo Prado redigiu a primeira grande obra contra o imperialismo dos EUA. Prado também denuncia o capitalismo, a burguesia, elogia o “socialismo cristão” etc.

Vejamos um trecho de seu livro: “A Igreja patrocina o socialismo cristão, e não o faz somente por palavras”. Cita a participação da Igreja Católica no movimento operário inglês (elogia o Cardeal Manning), na Austrália, nos EUA (“Cardeal Gibbons” e “Monsenhor Ireland”), na Alemanha (onde a Igreja apoiou as leis sociais de Bismarck, assegurando proteção estatal a “velhice e a invalidez do trabalhador”). 

Outros trechos: “Hoje, os opressores são os burgueses que confiscaram em seu proveito todas as chamadas conquistas da Revolução de 1789”. E “na vida moderna, o capital cresce por si mesmo, cada vez mais se avoluma, e é fora de dúvida que a fatalidade faz com os ricos fiquem cada mais ricos e os pobres cada vez mais pobres”.

Eduardo Prato atacou os “milionários e bilionários americanos” (p. 106), que contratam detetives (“Agência Pinkerton”) para espionarem os trabalhadores, “um verdadeiro exército de detetives, armados de revólveres e de carabinas, destinados a reprimir os operários revoltados”, “capangas, como diríamos no Brasil”.

Prado critica o fato dos “milionários e bilionários americanos” usarem a corrupção, o controle da imprensa, das Forças Armadas, da polícia e dos tribunais, para reprimirem os movimentos operários, organizando verdadeiras “carnificinas”. Chega a prever que os “milionários e bilionários” chegarão ao ponto de organizar “mercenários” (vide Black Water…) para massacrarem os trabalhadores. 

Eduardo Prado denuncia a ação dos EUA no Brasil, dos “milionários e bilionários” (especialmente do Partido Republicano, nos EUA), para corromper e transformar o Brasil em “vassalo”, “colônia” dos EUA. 

Conclusão: foi pena que Frederico Engels, que morreu em 1895, não leu esta obra, para ver como os católicos atuavam em prol da Democracia, da economia mista e do Estado social no Brasil. Engels escreveu, praticamente às portas da morte, um livrinho sobre a origem do cristianismo, elogiando o movimento cristão no nascedouro e comparando os comunistas com os cristãos, mostrando que a parte ética da doutrina de Marx tem muito a ver com as ideias cristãs.