A “terceira via” é uma forma de liberalismo social, com erros graves, melhor que os liberais, mas totalmente insuficiente e conivente com o capitalismo

O que foi chamado de “terceira via” não era terceira via. É algo melhor que o neoliberalismo, mas, na prática, foi aliado do neoliberalismo, pela omissão e conivência em vários pontos. Isso ocorreu também por causa do colapso da URSS, em 1989. 

O que foi chamado de “terceira via” era um liberalismo social, algo melhor que o neoliberalismo de Reagan (do Partido Republicano nos EUA) e de Thatcher (do Partido Conservador, no Reino Unido), mas algo conivente e falso, pois aceitou vários erros do neoliberalismo. E ainda se valeu de mentiras, para conquistar votos. Um exemplo perfeito é FHC e os tucanos. Os tucanos, no Brasil, se diziam “democratas sociais”, mas eram neoliberais doentes, na prática. 

Depois das duas desgraças,  Thatcher e Reagan, no final dos anos 70 e nos anos 80, houve uma frente de Tony Blair, Gehard Schroder (Alemanha), Bill Clinton e outros governos no Canadá, Austrália, Alemanha e outros países, que foi chamada de “terceira via”.

Esta frente tentou reagir contra os erros neoliberais da década de 70 e 80. Hillary Clinton, na campanha de 2008, ainda fazia parte desta frente. Sanders é mais a esquerda, pois é socialista democrático e não faz parte destes erros. 

O expoente principal da “terceira via” foi Tony Blair. Esta frente defendia o “Estado necessário”, entre o Estado ampliado do socialismo e o “Estado mínimo” neoliberal. Recuou na política tributária em relação ao antigo Trabalhismo, mas indo além do ideal neoliberal. E defendeu a presença do Estado na segurança, saúde, educação e previdência, coisa que os neoliberais são contra. Mas, foi conivente com a manutenção das privatizações. Esta foi a posição também de Sarkozy, na França.

Na França, antes, houve algo parecido, com Mitterrand, que assumiu e estatizou os bancos, mas, depois, cedeu ao belicismo de Reagan, e foi conivente. 

Um dos expoentes da “terceira via” foi Anthony Giddens. Na Alemanha, foi Bodo Hombach. 

Passo a transcrever a explicação do Wikipédia – “em 5 de fevereiro de 1998, será o então primeiro-ministro britânico Tony Blair anunciou, em Washington, D.C., junto com o presidente estadunidense Bill Clinton, a decisão de convocar uma reunião internacional para discutir e atualizar a social-democracia, criando um movimento que foi denominado de “Terceira Via”.[3] 

“Naquela época, o líder trabalhista britânico despontava como uma liderança mundial, conseguindo reunir sucessivamente, em Florença, Washington e Londres, figuras como Bill ClintonLionel JospinGerhard SchröderMassimo D’AlemaFernando Henrique CardosoAntónio Guterres e Ricardo Lagos, entre outros governantes e intelectuais ligados de uma forma ou outra à social-democracia europeia, ou ao Partido Democrata estadunidense”.[3]

“O projeto comum das lideranças reunidas era construir um novo programa que adequasse a velha social-democracia às novas ideias e políticas neoliberais, hegemônicas desde a ascensão de Margaret Thatcher e Ronald Reagan.[3] 

“De acordo com o economista José Luís Fiori, “o resultado foi uma geleia ideológica, com propostas extremamente vagas e imprecisas”, voltado para a abertura, desregulação e desestatização das economias nacionais.[3] De acordo com a revista francesa Nouvelle Observateur, se tratou de um “prolongamento vagamente social da revolução thatcherista”.[3]

“A ideologia social-democrata deu uma contribuição decisiva à história do século XX, em particular devido à criação do “estado do bem-estar social” após a Segunda Guerra Mundial.[3] [na verdade, o Estado social é bem anterior].  Entretanto, a partir da década de 1980, tal ideologia começou a perder fôlego político, o que acabou resultando em uma reformulação ideológica a partir das práticas neoliberais dos governos Thatcher e Reagan.[3] Isso se deu na Espanha, com Felipe González, na França, com François Mitterrand, na Itália, com Bettino Craxi, e na Grécia, com Andréas Papandréu.[3]Na década de 1990, esta reformulação adquiriu outra densidade, com a vitória de Bill Clinton para a presidência dos Estados Unidos e de Tony Blair para o cargo de primeiro-ministro britânico.[3]

“Na América Latina, o processo deu-se de maneira diferente, uma vez que as políticas neoliberais apareceram associadas à questão da renegociação da dívida externa do continente, como se fosse um problema de política econômica.[3] Apenas no Chile e no Brasil, que a proposta da terceira via teve grande repercussão.[3] No caso do Chile, esse destaque se deu a partir da consolidação da aliança entre o Partido Socialista e o Partido Democrata Cristão durante o governo de Ricardo Lagos (2000-2006), que aderiu pessoalmente ao projeto.[3] No Brasil, o destaque se dá a partir da consolidação do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e da participação ativa do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), na formulação das ideias do movimento, ao lado de Blair e Clinton.[3]

“A terceira via começou a perder fôlego na década de 2000, em parte devido à derrota nas urnas de seus líderes mais importantes.[3] O idealizador do movimento, Tony Blair, foi afastado da liderança do Partido Trabalhista em 2007, enfrentando forte oposição da imprensa e da opinião pública inglesa devido à denúncia de que teria mentido para justificar a entrada de seu país na Guerra do Iraque.[3] Seu substituto, Gordon Brown, também ideólogo da terceira via acabou sofrendo uma das derrotas eleitorais mais arrasadoras da história do partido”.

Hoje, no Reino Unido, o trabalhismo retoma suas boas raízes, com Corbin. Nos EUA, a ala mais a esquerda do Partido Democrático tem Sanders, que são boas lideranças.