A reaproximação entre catolicismo e socialismo está também nos textos de Jackson de Figueiredo. Por exemplo, no livro “A questão social na filosofia de Farias Brito” (Rio de Janeiro, Tip. Revista dos Tribunais, 1919, pp. 68-69), Jackson escreveu que o socialismo era “justo na parte referente à crítica da organização das sociedades atuais”, mas insuficiente no receituário, “falta o elemento reconstrutor”, um “ideal poderoso e fecundo” (ideal no sentido de utopia, de plano, metas, projetos, diretrizes a serem concretizadas).
Jackson também escreveu: “ninguém deve nem tem o direito [natural] de acumular mais do que é necessário para satisfação de suas necessidades”. Há a mesma tese no livro de outro católico como Afonso Celso, “Porque me ufano do meu país”. Segundo Jackson, a desigualdade “prova evidentemente que a sociedade deve ser reformada”, “assegurando a cada um, na comunhão social, o pão de cada dia”.
Jackson estava certo: a sociedade deve ser uma comunhão, comunidade. O “pão de cada dia” são os bens necessários para uma vida digna e são destinados a todas as pessoas, sendo esta a principal finalidade do Estado. Farias Brito elogiava Jackson pela “proposição que tem alguma coisa do clarão vertiginoso do relâmpago: a consciência é Deus em nós”. Esta frase expressa bem o jusnaturalismo popular presente nos textos e nas pessoas ligadas a Jackson. Gramsci elogiou o jusnaturalismo, ponto que mostrarei em outra postagem.