A religião nas grandes lutas sociais do Brasil, em prol da democracia popular

A relação intrínseca entre a democracia, o socialismo e a religião fica patente nas lutas abolicionistas e indígenas. Também está presente na Revolução Praieira, em 07.11.1848, em Pernambuco, uma das principais revoluções sociais que o Brasil já teve.

A Praieira foi a continuação das lutas do povo, explicitadas em movimentos como a República dos Guaranis (uma das maiores experiências socialistas, elogiada por vários autores socialistas) e dos Quilombolas (tendo Zumbi dos Palmares como expoente ilustrativo da bravura de milhões de santos negros, como disse Joaquim Nabuco).

Os movimentos de luta no período colonial geraram o movimento da Inconfidência Mineira (liderada por Tiradentes, padres e juristas católicos); a “Inconfidência” carioca; a Revolta dos Alfaiates, na Bahia; e estas lutas confluíram na Revolução dos Padres, de 1817, em Pernambuco. Tudo isso confluiu no movimento da independência, em 1821-1822.

Mais tarde, houve a Revolução em prol da Constituinte, movimento liderado por Frei Caneca e outros padres e leigos; seguida da Revolta dos Malês, em 1835, em Salvador, com lideranças religiosas muçulmanas e leigos católicos. A Cabanada, no Pará, teve, como principal liderança, o Cônego Batista Campos, acompanhado pelo padre João Batista Gonçalves Santos, entre 1835-1840. A Sabinada, na Bahia, em 1837-38, contou com grandes leigos católicos, o mesmo ocorrendo com a Balaiada, no Maranhão, entre 1838-1841.

A República dos Farrapos, de 1835-1845, teve vários sacerdotes e lideranças leigas católicas.

Em seguida, há a Revolução Praieira, em Pernambuco, em 1848, com homens como Antônio Pedro de Figueiredo, negro, católico e socialista. Os conservadores passam a perder cada vez mais o poder e foi o Partido Conservador que, na década de 70, perseguiu a Igreja, gerando a questão religiosa. Esta questão, a luta pela abolição e pelo federalismo iriam enterrar o império. O movimento abolicionista teve o apoio da Igreja, contando inclusive com documento de Leão XIII.

Em paralelo, houve a Revolta dos Quebra-quilos; o movimento republicano, com grandes católicos e figuras ecumênicas como Rui Barbosa, que vencem em 1889; houve ainda Canudos; o civilismo de Rui Barbosa; o Movimento dos Tenentistas (onde Prestes, na época, era católico); as lutas do Partido Libertador e do Partido Democrático; a Revolução de 1930; a Revolução de 1932, em prol da Constituinte; as leis sociais de Getúlio; o Manifesto dos Mineiros; o PSB, com vários católicos; o trabalhismo, com inúmeros católicos; o movimento nacionalista com vários católicos; os governos de Juscelino e de João Goulart; a resistência da Igreja contra o golpe de 64 etc.