Marx e Engels tiveram inspiração cristã sobre destinação universal dos bens

Dentre as leis naturais, a principal (que decorre do mandamento de amor ao próximo como a si mesmo) é o primado do bem comum ou destinação universal dos bens, explicitada no livro “Atos dos Apóstolos”, como a marca distintiva de uma sociedade cristã (justa):

“... viviam juntos e tinham tudo em comum… distribuíam por todos, conforme as necessidades de cada um” (capítulo 2,44-45); “a multidão dos fiéis tinha um só coração e uma só alma, e nem um só dizia ser sua qualquer das coisas que possuía, mas tinham tudo em comum”; “não havia entre eles indigentes”; [pois] “distribuíam a cada um conforme a necessidade que tivessem” (capítulo 4, 32-35).

O próprio Frederico Engels, numa carta de 23.10.1846, lembra que Kriege e outros membros da Liga dos Justos baseava suas idéias de comunidade ou comunhão de bens justamente nos capítulos 3-6 dos “Atos dos Apóstolos”.

A ajuda ao próximo (a comunhão de vida e de bens) é a base da evolução, como já ensinava Lavrov, com aprovação de Engels e de Kropotkin. A evolução é, acima de tudo, política, ética, intelectual, religiosa e jurídica.

Destinação universal dos bens não quer dizer não ter propriedades privadas. Significa que todos devem ter pequenas e médias propriedades e deve haver uma grande propriedade pública, para ajudar a todos. Economia mista, complementar, síntese boa.