O ideal histórico do cristianismo – uma Democracia Participativa, Popular, com economia mista

Democracia Participativa ou Popular é uma democracia real. É um regime político e um sistema econômico, de economia mista, com boas estatais e amplas regulamentações e controles públicos, com amplos tributos progressivos para evitar desigualdade, onde o povo seja o senhor sobre si mesmo, regendo o Estado, a economia (as estruturas produtivas, os bens, o uso dos bens etc), a cultura etc. Este ponto foi bem demonstrado por Pio XII, nos seus magníficos discursos natalinos de 1942 a 1944, tal como por Jacques Maritain, Alceu Amoroso Lima, Dom Hélder e outros luminares da Igreja.

A Igreja, no mundo todo, luta para que o povo autogoverne-se por meio de Assembléias (“Ekklesias”, pois “Igreja” significa Assembléia, em grego). O povo, no mundo todo, forma a base da Igreja invisível.

A Igreja invisível (especialmente em sua parte visível, a Igreja Católica) luta por uma democracia política, econômica, social, pedagógica, cultural, comunitária, campesina, cooperativa e eclesial. Este é o ideal natural do povo. É o regime que atende às expectativas, sonhos, aspirações, necessidades, reivindicações, idéias e os sentimentos do povo. É também o núcleo do que há de bom no ideário histórico do socialismo.

O ponto central é erradicar a alienação do povo, a miséria, a oligarquia, a tirania, males sempre criticados pela Igreja.

A miséria é um cativeiro, como bem explicou João Paulo II. A miséria é o cativeiro, a alienação, a reificação, a degradação, a redução da pessoa a mero objeto, a um pedaço de matéria sem consciência. É um cativeiro que reifica (coisifica) e destrói a vida do povo, corrompendo o corpo e a consciência das pessoas. Só haverá democracia real com a erradicação da miséria e da oligarquia.

A miséria deve ser erradicada, pois é uma forma cruel de escravidão, de escravidão, de degradação. A miséria é uma prisão, uma forma de escravidão, como foi explicado pelo Vaticano. O conjunto dos algozes dos miseráveis é chamado historicamente de “oligarquia”, termo clássico usado por Platão, Aristóteles, Políbio e pelos estóicos, tal como pelos Santos Padres.

A oligarquia é formada pelos latifundiários, os grandes capitalistas que detêm oligopólios (trustes e cartéis), as multinacionais e os multimilionários e bilionários. Para erradicar a miséria é preciso retirar o supérfluo da oligarquia. É preciso erradicar a oligarquia como tal, não as pessoas concretas dela, e sim o excesso de poder econômico e político que detêm.

A Igreja sempre rejeitou a miséria, a tirania, a oligarquia, o capitalismo, o latifúndio, o imperialismo etc. Um bom católico (uma boa pessoa, pois um bom católico é uma boa pessoa, e pode haver bondade mesmo fora do catolicismo, dos limites visíveis da Igreja, pois toda pessoa boa integra a Igreja invisível) abomina o capitalismo, o latifúndio, os monopólios privados (trustes e cartéis, especialmente multinacionais), o imperialismo e outros males que destroem a democracia, consolidando o poder espúrio da oligarquia.

Conclusão: o ponto central do ideal humano e cristão de política é erradicar a oligarquia e a miséria, construindo o poder real do povo, o poder sujeito ao povo. O principal é dar o poder ao povo.