O Renascimento foi um movimento católico, de respeito à Razão e à Ciência

O Renascimento foi feito hegemonicamente por católicos. A Itália é o epicentro do Renascimento, tendo como fontes principais países católicos ou anglicanos, ou seja, semi-católicos. O renascimento foi feito com base no estoicismo, no neoplatonismo e também nos textos de Aristóteles, Cícero, Sêneca e outros. Como destacou Robert A. Dahl, no livro “Sobre a democracia” (Brasília, Ed. UnB, 2001, p. 25), “o governo popular começou a reaparecer em muitas cidades do norte da Itália, por volta do ano 1.100”, com a volta dos estudos sobre o direito romano. Houve o renascimento carolíngio em torno de 800 d.C. e, mais tarde, o Renascimento floresce nas cidades italianas católicas, com Dante, Petrarca e outros.

Depois, já no século XVII, surge o Neoclassicismo, onde o Renascimento retorna, para ser a base cultural (arquitetônica, literária, artística etc) da Revolução Francesa. Uma base cristã, no fundo. Isto ocorreu basicamente na seara católica, na França, influenciada pelas obras de Fenelon, do abade de Saint Pierre, de Montesquieu, Mably e outros grandes católicos.

Adotaram a mesma base da filosofia cristã clássica, dos Santos Padres, um ecletismo que mistura platonismo, aristotelismo e estoicismo. Estas correntes, bem expressas no platonismo médio de Cícero e de Antíoco, eram justamente as correntes que inspiravam os Santos Padres da Igreja, especialmente Santo Ambrósio, Santo Agostinho, São Basílio, São Jerônimo e outros, que seguiam os passos dados por São Clemente de Alexandria, São Justino, Santo Irineu, Lactâncio, Eusébio e outros.

A “dignidade” do ser humano foi o grande lema cristão-católico do renascimento e do humanismo, com apoio do Vaticano, como mostra o livro clássico de Pico Della Mirandola, “Discurso sobre la dignidad del hombre” (Buenos Aires, Ed. Goncourt, 1978).

Para a consciência de muitos militantes, as linhas gerais da democracia popular, participativa e social, são também denominadas, genericamente, “república” (um termo usado com freqüência, mesmo na Idade Média) social ou “socialismo participativo e humanista”.

Para exemplificar a linha católica do Renascimento, basta considerar luminares como São Francisco de Assis (1181-1226), Brunetto Latini (1220-1294), Dante Alighieri (1265-1321), Giotto (1266-1337), Francesco Petrarca (1304-1374), Giovanni Boccacio (1313-1375), Coluccio Salutati, Jorge Gemisto (1350-1450), Besarion, Leonardo Bruni (1370-1444, tradutor das principais obras de Aristóteles), Fra Angelico (1387-1455, beatificado em 1982), Johannes Gutenberg (1400-1468), o Cardeal Nicola de Cusa (1401-1464), Pio II (Enea Silvio de Piccolomini, papa de 1458 a 1464), a família Médici (com vários Papas), Leon Battista Alberti (1404-1472), Leonardo da Vinci (1452-1519), Leão X, o Cardeal Pietro Bembo (1470-1547), Pico della Mirandola (1463-1494), Tomás Morus, Gil Vicente, Erasmo de Rotterdam, Luiz Vives, Nebrija, Miguel Ângelo (1475-1564), Cristovão Colombo (1446-1506), o padre Nicolau Copérnico (1473-1543), Giorgio Vasari (1511-1574, autor de “Vida dos mais excelentes pintores, escultores e arquitetos, 1550), El Greco (Domingos Theotokopulos, 1541-1614), Luiz Vaz de Camões, Cervantes, Antônio Ribeiro Chiado, Galileo Galileu (1564-1642), padre Vieira, Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa, 1730-1814, na linha de Michelângelo e El Grego) e tantos outros.

Leon Battista Alberti (1404-1472), por exemplo, é considerado um dos sábios mais universais do Renascimento. Foi secretário papal de Eugênio IV e assistente do Papa Nicolau V. Alberdi, um grande humanista, deixou obras primas de pintura, música, matemática, arquitetura e literatura. Alberti deixou obras magníficas, como “Da família”, “Da pintura”, “Dez livros sobre a arquitetura” (baseado na obra de Marcus Vitrúvio) e outras.