Qual é o problema da indústria brasileira?
Por Luiz Carlos Bresser-Pereira, em seu site:
Depois de uma brutal recessão (2014-2016) a economia brasileira voltou a crescer, mas muito lentamente. Os resultados da indústria de transformação são especialmente negativos. O crescimento em 2018 foi de apenas 1,3%, o deficit comercial da indústria voltou a aumentar, e o processo de desindustrialização continua a ser mais acentuado nos setores de alta e de média-alta tecnologia.
A explicação geral que eu tenho dado para a desindustrialização brasileira a partir de 1990 é a da armadilha de juros altos e câmbio apreciado no longo prazo.
No governo Dilma, houve uma desvalorização e a taxa de câmbio passou a girar em torno de R$ 3,20 por dólar, sempre a preços de hoje – incompatível com o crescimento industrial.
Este quadro mudou depois da recessão. Com a queda radical da demanda, a inflação caiu fortemente, e a taxa de juros, embora ainda alta, também caiu. Por outro lado, a taxa de câmbio depreciou-se e hoje está em torno de R$ 3,70 por dólar.
Por que, então, a recuperação da indústria é tão decepcionante? A meu ver, por três razões além do fato de a taxa de juros continuar alta e a taxa de câmbio ainda estar apreciada: porque a demanda de bens industriais tanto interna quanto externa continua baixa, porque o governo não realizou a política fiscal contracíclica necessária, e porque os empresários ainda não estão se sentido com confiança em relação ao governo [esta segunda parte é PIADA DE MAU GOSTO, pois os abutres são hiper confiantes…].
No caso da demanda mundial, ainda não se confirmou a recessão anunciada nos países ricos, mas a crise do regime liberal argentino é muito grande e teve um forte impacto na exportação brasileira de manufaturados.