A luta por uma Aliança estratégia entre Operários, Camponeses e Micros e Pequenos Produtores é antiga no Brasil. Há mesmo uma Tradição, um largo rio, em parte subterrâneo e em parte que corre à luz do dia

Octávio Brandão, com todos os seus erros, soube apontar um modelo de Democracia popular, com base numa aliança estratégica entre trabalhadores operários, pequena burguesia, artesãos etc.

A mesma aliança que eu defendo, basicamente, uma ALIANÇA ESTRATÉGICA entre operários, camponeses (agricultores familiares), pequena burguesia, artesãos, servidores públicos, estudantes, artistas, trabalhadores da área cultural, militância negra e indígena, católicos, ortodoxos, anglicanos, luteranos, metodistas, evangélicos de esquerda, pessoas da religiosidade africana, espíritas de esquerda, judeus trabalhistas ou socialistas, marxistas, socialistas democráticos, trabalhistas etc. 

O padre Aloysio Guerra, antes de 1964, escreveu o livrinho “A Igreja Católica está com o povo?”, e isso na série “Cadernos do povo”, onde militavam católicos e marxistas contra o capitalismo.

O livro do padre Guerra, citado acima, foi elogiado por Gondim da Fonseca, um grande socialista trabalhista de fundo cristão, que deixou obras magistrais sobre o petróleo, mostrando a importância da estatização de todo o setor de petróleo. 

O padre Aloysio Guerra também escreveu o livro “O Catolicismo ainda é cristão? “(Ed. Fulgor).

Leonel Brizola e Darcy Ribeiro foram outras grandes estrelas. Brizola era católico e depois se tornou metodista.

Brizola, getulista roxo, conciliava, numa síntese, Trabalhismo, Nacionalismo, Socialismo, Economia mista, Democracia Popular e Estado social, especialmente Estado educador. Brizola nunca foi ateu. Esta síntese dele e do melhor do PDT é com base na ética cristã e natural.

Darcy Ribeiro, getulista histórico, ficou tão próximo da Igreja que seus livros, depois do golpe, foram basicamente editados pela Editora Vozes, da Igreja, que era, na época, a segunda maior editora do Brasil. A Editora Vozes também editava as obras de Caio Prado e, às vezes, textos do grande e genial Ênio da Silveira. 

João Goulart, o maior discípulo de Getúlio, foi outra ESTRELA de imenso brilho, também conciliando Trabalhismo, Nacionalismo, Socialismo democrático, Democracia popular, Estado social etc. E era católico.

João Goulart, em seus discursos presidenciais, vivia citando textos de João XXIII. Pode ter sido o Presidente que mais citou textos papais, especialmente de São João XXIII.

João Goulart se cercava das melhores pessoas, como Evandro Lins e Silva, que foi Procurador Geral, Chefe do Gabinete Civil e, depois, Ministro do STF.

Evandro Lins e Silva, grande jurista, de quem tenho a autobiografia, sempre foi católico. Evandro fecha sua autobiografia dizendo como pediria a Deus para ele mesmo, Evandro, fazer sua própria defesa no julgamento pós morte e aí lembraria como tentou dar uma interpretação humana e social às leis penais, como tentou criar uma República Popular, Democracia Popular, no Brasil.

No final da década de 50 e 60, os parlamentares de esquerda eram da Frente Parlamentar Nacionalista.

Nesta Frente, existiam vários católicos, eram maioria. E dentre eles, estava a esquerda do PDC, principalmente liderada por Paulo de Tarso Santos, que foi Ministro da Educação de João Goulart, e também, Franco Montoro (depois, decaiu, terminando na seara tucana, mas antes era bom), Armando Monteiro, Plínio de Arruda Sampaio e outros.