Cabe ao Estado e a sociedade dirigir a economia. As Bolsas de valores e o capital financeiro devem ter papel reduzido ou abolido

Há muito tempo, as sociedades anônimas, as pouquíssimas firmas com ações negociadas nas Bolsas de Valores e o capital financeiro tentam justificar seus elevados rendimentos com a alegação que são úteis para financiar a produção. Trata-se de um erro, uma mentira do neoliberalismo. 

O Brasil tem quase dez milhões de pequenos negócios familiares. E tem apenas umas mil empresas com ações negociadas nas Bolsas de Valores. De fato, contando apenas as “blue ships”, as grandes que abarcam quase toda a movimentação financeira das Bolsas, há apenas umas trezentas grandes empresas e boa parte delas são estatais.

A economia verdadeira está no núcleo das micro, pequenas e médias unidades econômicas familiares, nas estatais, nas cooperativas, na pequena produção familiar rural, que produz quase todos os alimentos consumidos pelo povo. Esta é a verdadeira economia do país, de todos os países. 

O financiamento da produção deve vir do Estado (loas a Saint Simon), dos bancos estatais, da estatização de todo sistema bancário, para carrear as poupanças para os empreendimentos de utilidade social. Esta tarefa cabe principalmente ao BNDES (criado por Getúlio para isso), ao Banco do Brasil (com funções ampliadas por Getúlio e criado em 1808), a CEF (criada lá por 1870), ao Bancos Regionais estatais (Banco do Nordeste, principalmente, tal como Banco da Amazônia), aos bancos estaduais (que FHC praticamente dizimou) etc. 

Ladislau Dowbor, no livro “Democracia Econômica” (Petrópolis, Ed. Vozes, 2008, p. 198), traz ótimo texto de Marjorie Kelly, no estudo “O direito divino do capital” (refutando as mentiras neoliberais de apologia ao mercado de capitais). Kelly “constata que” a tese e imagem falsa onde “as empresas se capitalizariam por meio da venda das ações” “é uma bobagem”, pois este mecanismo é apenas “marginal” (ínfimo).

Vejamos o texto de Marjorie Kelly: “dólares investidos chegam às corporações apenas quando novas ações são vendidas. Em 1999, o valor de ações novas vendidas no mercado foi de 106 bilhões de dólares, enquanto o valor das ações negociadas atingiu um gigantesco 20,4 trilhões. Assim, de todo o volume de ações girando em Wall Street, menos de UM POR CENTO chegou às empresas. Podemos concluir que o mercado é UM POR CENTO produtivo, e 99 por cento especulativo”. 

Marjorie ainda acrescenta que as pessoas investem para ganhar e assim “quando se olha para as duas décadas de 1981 a 2000, não se encontra uma entrada líquida de dinheiro de acionistas, e sim saídas” (descapitalização), pois “a saída líquida (net outflow), desde 1981, para as novas emissões de ações, foi negativa, em 504 bilhões”. Logo, “em vez de capitalizar as empresas, o mercado de ações as tem descapitalizado. Durante décadas, os acionistas têm se constituído em imensos drenos das corporações. São o mais morto dos pesos mortos”.

Para Marjorie e Dowbor (e assino embaixo), os acionistas não funcionam como “investidores”, e sim como “extratores”, texto que teria divertido o velho Veblen. A conclusão é que “quando” os capitalistas compram “ações”, não contribuem com a formação do capital (aumento das forças produtivas), “estão comprando o direito de extrair riqueza” da sociedade. 

Conclusão: os ultra ricos vivem de mentiras. Os ultra ricos são rentistas vampiros (uns 0,01%) da população, uns dez mil grandes vampiros (na imagem de Marx), que obtém centenas de bilhões ou mais, usando mentiras, tal como seu controle sobre a grande mídia (nove famiglias) e seu controle espúrio sobre o Estado.

Estas mentiras foram cultivadas por gente péssima como Gudin, Roberto Campos (Bob Fields), Mário Henrique Simonsen, Armínio Fraga, Gustavo Franco e outras desgraças neoliberais.

Os ultra ricos são apenas 0,01% da população. De fato, menos ainda, pois 0,01% de 210 milhões de pessoas é igual a 21 mil pessoas, e os ultra ricos são uns dez mil GRANDES VERMES, apenas (algo como 0,005%). 

Os ultra ricos, estes dez mil grande vermes, vivem pelas mentiras do neoliberalismo econômico entreguista, escravizador, colonialista, que controla parte expressiva de nossa vida política. Este controle neoliberal é mantido principalmente pelo Cartel infame da Mídia, pelas Nove Famiglias que controlam o grosso da mídia, movida pelos anúncios do grande capital. O Cartel (Máfia) da Grande Mídia, Oligarquia da Mídia, é a porta voz natural do ultra ricos. 

Construir uma BBC, como queria Getúlio, uma grande IMPRENSA POPULAR, uma grande Estatal aberta e do Estado (não de governos), é uma das medidas mais importantes para libertar o povo, para erradicar os grandes Vermes, reduzindo seus patrimônios a medida humana, mediania, igualdade social.