A doutrina da Igreja sobre os bens é distributista, como bem demonstrou Chesterton.
Em outras palavras, a doutrina da Igreja é baseada no ideal do bem comum.
Renda estatal básica para todos, mediania, igualdade social, erradicação das grandes fortunas privadas e da miséria.
A doutrina da Igreja tem como meta a participação de todos nos bens e no poder, como ensinaram Aristóteles e Santo Tomás de Aquino.
Nos termos de Bento XVI, que cada um tenha uma parcela (fragmento) do bem comum, destinado a todos, para ser usado em benefício de todos.
A idéia da difusão do poder e nos bens é viável. Para haver a participação de todos no poder, basta fragmentar o poder em milhões de cargos.
Por exemplo, o Brasil tem 9.827.000 servidores das três esferas da Federação (municípios, estados e União), sendo estes os números para 2007 (hoje, deve ter mais de dez milhões de servidores). Estes 9,8 milhões de servidores representam cerca de dez por cento da população economicamente ativa. Deveria ser algo como 30 a 40 milhões de servidores.
O exemplo escandinavo – na Dinamarca e na Suécia, o percentual é de 30% (cf. pesquisa do IPEA). Mesmo nos EUA, há 14,8%. Na Argentina, 16,2%; no Panamá, 17,8%.
Na Índia, 68,1%; na África do Sul, 34,3%.
Obviamente, se o número de cargos públicos triplicasse ou quadruplicasse, o Brasil teria melhores condições de vida, com mais proteção ao bem comum.
Jefferson viu este ponto corretamente, querendo também criar instâncias pequenas e controláveis no Estado da Virgínia, e eleições para praticamente todos os cargos.
A multiplicação de cargos traduz a explicação dos deveres de cada pessoa para com o bem comum.
O programa Renda básica, tal como seu germe, a Bolsa Família, demonstra que é possível o Estado pagar a cada pessoa uma renda básica.
O INSS já demonstrava isso e boa parte do Direito previdenciário e de Seguridade Social foi criado, no Brasil, por grandes católicos.
Conclusão: o poder e os bens devem ser fragmentados, picados, difundidos, para que a sociedade tenha máxima subjetividade, máximo poder sobre si mesmo, combinando autonomia e controle pessoal e social (autogestão, co-gestão e planejamento participativo).