Francisco I contra o capitalismo

O papa Francisco I deu continuidade aos melhores textos de Leão XIII e de João XXIII, contra o capitalismo. Em setembro de 2013, o Papa Francisco I foi na Sardenha e criticou o capitalismo, dizendo: “neste sistema sem ética, no centro, há um ídolo, e o mundo tornou-se idólatra do dinheiro”.  

Francisco I recebeu o MST no Vaticano, elogiando publicamente Stédile e a Via Campesina. O MST é apenas o ramo brasileiro da Via Campesina, um movimento camponês mundial, basicamente influenciado e regido pela Igreja Católica. 

Depois, na exortação “Evangelii Gaudium”, em novembro de 2013, criticou e condenou o capitalismo, dizendo frases como: “o crescimento econômico” e o “livre mercado” não produzem, por si só, “maior equidade e inclusão social no mundo”. Afirmar isso é expressar “uma confiança vaga e ingênua na bondade daqueles que detém o poder econômico e nos mecanismos sacralizados do sistema econômico reinante”. O Estado deve intervir para assegurar e promover “o bem estar das pessoas, por exemplo, no âmbito da saúde, da educação e da comunicação”.

O Estado deve combater a “desigualdade social”. A economia não pode ser “uma economia de exclusão”, de “desigualdade social”, pois este tipo de economia “mata”. A economia sem o peso do Estado produz “grandes massas da população” “excluídas e marginalizadas, sem trabalho, sem perspectivas, num beco sem saída”. O Estado deve combater a “exploração e a opressão”, ajudando as pessoas que vivem “nas favelas, na periferia ou sem poder”, “os excluídos”, os “explorados”, os “resíduos”, as “sobras”, as ruínas. 

O Estado deve promover um “estilo de vida”simples e digno, para todos. A economia deve ser organizada, por força do Estado, para dar a todos uma vida digna, e não ser uma economia baseada na “adoração do antigo bezerro de ouro (cf. Ex. 32,1-35)”, na adoração dos milionários, dos bilionários.

O Estado deve ter “o direito de controle” da economia, para “velar pela tutela do bem comum”.  O Estado deve combater a “corrupção” e “a evasão fiscal egoísta”, para assegurar a todas as pessoas “benefícios”, “poder” e proteção.

O “mercado” não deve ser “divinizado”. O Papa frisou bem que “não fazer os pobres participarem dos” “bens”, deixarem de ser pobres, é “roubá-los e tirar-lhes a vida”. 

O papa recomenda economia mista, ética, regida pelo Estado, sem grandes fortunas privadas, e sem miséria. Mediania, igualdade social. Eis a velha doutrina social da Igreja, que é a lição da Bíblia e também do melhor da filosofia.

É a mesma lição de Platão, Aristóteles, dos estoicos, dos pitagóricos, do hermetismo, de Confúcio, de Buda, do taoísmo, do hinduísmo, de Maomé, da Tradição religiosa da humanidade. O catolicismo é a melhor tradição, mas as ideias melhores e salvíficas estão difusas em todas as culturas e religiões. Por isso, o catolicismo é ecumênico. O Espírito Santo atua em todos os povos, melhorando a luz da razão, em todos os povos.