Leão XIII, na encíclica “Aeterni”, cita “Quadrato”, “Aristides”, “Hermias”, “Irineu”, São Clemente de Alexandria, Orígenes, Tertuliano, Arnóbio e Lactâncio. Estes autores teriam exercitado “convenientemente a dialética, para conciliar a harmonia da razão com a fé”, colhendo “verdades naturais” em toda parte, num bom ecumenismo (ecletismo). Vejamos o texto de Leão XIII:
“Também Quadrato e Aristides, Hermias e Atenágoras eminentemente brilharam por esse tempo. Também não menor glória adquiriu para si, na defesa da mesma causa, Irineu, mártir invicto, Pontífice, da Igreja Lugdemense: o qual tendo valorosamente refutado as perversas opiniões dos orientais, espalhadas pelos gnósticos pelos limites do império romano, “explicou as origens de cada uma das heresias (como afirma Jerônimo), e de que fontes filosóficas emanavam” (Epist. ad Magn.).
Ninguém, porém, ignora as disputas de Clemente Alexandrino, as quais o próprio Jerônimo honrosamente celebra assim: “Que há nelas de ignorância? E mesmo que há aí que não provenha do seio mesmo da filosofia?”(Loc. cit.). O mesmo com uma variedade pasmosa escreveu muitas coisas utilíssimas para estabelecer a história da filosofia, para exercitar convenientemente a dialética, para conciliar a harmonia da razão com a fé.
Segue-se-lhe Orígenes, insigne mestre da escola de Alexandria, muito instruído nas doutrinas gregas e orientais, que publicou muitos e magníficos volumes, utilíssimos para explanar as divinas Escrituras e esclarecer os dogmas sagrados. Ainda que esses livros, tais quais agora existem, não estão totalmente isentos de erros, contêm, todavia, grande cópia de sentenças que multiplicam e robustecem as verdades naturais.
Aos hereges opõe Tertuliano a autoridade das Sagradas Escrituras; aos filósofos, mudando de armas, opõe-lhes a filosofia. A estes refuta, com tanta sutileza e erudição, que não teme lançar-lhe em rosto este repto: “Não me podeis igualar em ciência nem em doutrina como julgais” (Apologet. § 46). Arnóbio, em seus livros publicados contra os gentios, e Lactâncio, principalmente em suas Instituições divinas, empregam igual eloquência e valor para persuadir aos homens os dogmas e preceitos da sabedoria católica; e longe de transtornar a filosofia, como costumam fazer os Acadêmicos [A Academia, a escola de Platão, na época sob influência cética, de Carnéades e outros], servem-se, para os convencer: (Inst. VII, 7) ora das suas armas, ora as que se deduzem das questões intestinas dos filófofos (De Opif. Dei, 21)”.