“Herói” de Mourão e de Bolsonazi torturava crianças
Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
“Quer entender o grau de horror que foi a mansa entrevista do vice de Bolsonaro, Hamilton Mourão, à Globonews, onde ele chamou de “herói” o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, com aquela plácida frase de que “heróis matam”?
Então tome fôlego e leia este trecho da reportagem de Carla Jiménez, no El País, em abril de 2016, quando Mourão sequer sonhava (ou já sonhava?) em ser vice do ex-capitão.
O Exército Brasileiro não merece que se diga que homens assim são heróis e que isso foram “excessos”. Não há excesso com crianças de 5 anos de idade. Há monstruosidades.
“Amélia Teles, ou Amelinha, também caiu nas garras de Ustra. Foi presa junto com o marido Cesar, e o amigo Carlos Danielli. Viveram todo o roteiro do inferno no DOI CODI, conforme conta num vídeo disponível no Youtube. Militantes do PCdoB, sentiram bem mais que surras e choques elétricos. O casal de jovens de pouco mais de 20 anos, foi preso em dezembro de 1972, e apanhou seguidamente sem ter noção do tempo. Certo dia, Amelinha estava nua, sentada na cadeira de dragão, urinada e vomitada, quando viu entrar na sala de tortura seus dois filhos, Janaína de 5 anos, e Edson, 4. Ustra havia mandado buscar as duas crianças porque queria que eles testemunhassem de seus pais. “Mamãe, por que você está azul e a papai verde?”, perguntou sua filha, enquanto queria abraçar a mãe, paralisada de dor e pelos fios elétricos. A cor era fruto das torturas que desfiguraram sua tez”.
As duas crianças foram levadas para a casa de um militar enquanto os pais continuaram apanhando nas mãos de agentes da ditadura comandados por Ustra.
Espera-se que os delicados senhores Luiz Roberto Barroso e Edson Fachin olhem bem o que fizeram ao expor o Brasil a gente que acha isso um “ato de heroísmo”.