O livro-coletânea do abade Gabriel Mably (1709-1785), “Sur la théorie du pouvoir politique” (“Sobre a teoria do poder político”, Paris, Ed. Sociales, 1975) expõe corretamente as linhas gerais da concepção de Democracia popular deste sacerdote. Defendia economia mista, extenso Estado social, democracia popular etc.
Esta obra citada acima, sobre como deve ser o Estado, traz textos seletos das principais obras de Mably (autor elogiado por Marx), especialmente dos livros
- “Dúvidas propostas aos filósofos economistas sobre a ordem natural e essencial das sociedades” (1768, refutando os erros capitalistas dos fisiocratas, cf. Henri Denis);
- “Dos direitos e dos deveres do cidadão”;
- “Observações sobre o governo e as leis dos EUA” (1784);
- “Conversas de Focion sobre as relações da moral com a política” (1763);
- “O direito público da Europa” (1748);
- “Da legislação ou princípios das leis” (1776);
- “Princípios da moral”;
- e outras grandes obras deste abade, admirado inclusive por Karx Marx.
Os textos de Mably contém mais teses de uma democracia popular e participativa do que os de Rousseau.
Os livros de Mably foram lidos em toda a América Latina e do Norte, no século XVIII. O mesmo para as obras do padre jesuíta Raynal, que teve a ajuda de Diderot, em seus textos, recapitulando os textos de Frei Bartolomeu de las Casas.
A correspondência de Grimm diz que Benjamin Franklin (1706-1790) e John Adams, leitores de Mably, teriam requerido, em nome do Congresso dos EUA, que Mably redigisse o projeto da Constituição para a nova república.
John Adams registrou em seu “Diário”, em 29.05.1778, que o livro de Mably, “Observações sobre a história da França” era tida como a melhor obra histórica da França.
Mably bateu-se pela democratização de países como a França, a Polônia, os EUA e de outras nações. Seu irmão era o abade Étienne Bonnot de Condillac (1715-1780), que também fez a crítica dos erros fisiocratas-capitalistas, exigindo controles públicos sobre a economia.