Tal como a Igreja recepcionou a Paideia, deve recepcionar o patrimônio cultural religioso da Índia, da China, Japão, África etc

O pensamento cristão é evolutivo. Este ponto foi bem explanado por João Paulo II, na encíclica “Fides et Ratio” (São Paulo, Ed. Paulinas, 1998, cap. 72):

“O fato da missão evangelizadora ter encontrado em primeiro lugar no seu caminho a filosofia grega não constitui, de forma alguma, impedimento para outros relacionamentos (…)

Meu pensamento vai espontaneamente até as terras do Oriente (…). Entre elas, a Índia ocupa um lugar especial (…). Compete aos cristãos de hoje, sobretudo aos da Índia, a tarefa de extrair deste rico patrimônio os elementos compatíveis com sua fé, para se obter um enriquecimento do pensamento cristão. (…). O que foi dito para a Índia vale também para a herança das grandes culturas da China, do Japão e demais países da Ásia, bem como das riquezas das culturas tradicionais da África, transmitidas sobretudo oralmente”.

O cristianismo, ao espalhar-se, encontrou primeiro a “filosofia grega”, que era a formulação principal da filosofia da Paidéia, com base nas fontes egípcias, sumérias, persas etc.

No entanto, já existiam ligações entre a cultura persa e a cultura do Vale do rio Indo, com a Índia e desta com a China. Por estas relações, as idéias hindus sobre a espiritualidade da alma (as ideias mais antigas não são reencarnacionistas) migravam para a Grécia e também existia o fluxo das idéias gregas, persas, sumérias, egípcias e cristãs para a Índia.

No Egito existia a crença na alma, em Deus, no julgamento após a morte e na ética. Na Índia também existiam estas idéias, do surgimento do universo por criação do sacrifício do próprio Deus, da alma que busca unir-se a Deus, da necessidade de controle das paixões, de ordenar a vida para um convívio racional e adequado ao bem comum.

O cristianismo evolui pelo caminho do diálogo, pela inculturação, pelo universalismo, do catolicismo, do ecumenismo.