O otimismo democrático popular dos católicos tem base nas ideias principais da Fé, tal como na natureza, na Graça, na ação de Deus no mundo

O otimismo antropológico faz parte essencial do cristianismo. Cada passo em frente é uma PRÉ-FIGURAÇÃO DA ETERNIDADE, um passo, elo, no processo eterno da PARUSIA, da melhoria do universo. 

Alceu Amoroso Lima relacionava o “espírito democrático revolucionário” do “cristianismo” (cf. expressão de Lenin, em “O Estado e a revolução”, 1917) ao otimismo antropológico cristão.

O elogio de Lenin ao cristianismo está também presente em textos de Marx, Engels, Bebel e outros. 

Este otimismo vem das raízes humanas do cristianismo, tanto do pensamento hebraico quanto do melhor da Paidéia.

É componente essencial do humanismo cristão, formado, na parte humana, da síntese do humanismo hebraico e do humanismo da Paidéia, especialmente do grego.

Alexandre Manzoni, um grande católico do século XIX, no livro “Observaciones sobre la moral católica” (Buenos Aires, Emecé Editores, 1944), adota este otimismo (apesar de alguns resquícios jansenistas), no capítulo “sobre a correspondência da moral católica com os sentimentos naturalmente corretos”.

Há a mesma linha em seu livro “Os noivos”, tal como nos romances de Guareschi e outros grandes católicos, basta pensar no grande César Cantu, progressista, um grande católico progressista, ou em São João Bosco. 

O otimismo também faz parte dos textos de autores católicos como São Filipe de Néri (1515-1595), Chesterton, Maritain, Alexander Pope, São Francisco de Assis, Mably e outros.

Há a mesma linha em autores cristãos e teístas, como Dickens, Rousseau, Dostoiévski (como pode ser visto no final do livro “Irmãos Karamazov”), Victor Hugo, Selma Lagerloff (1858-1940, sueca) e outros.

Há a mesma concepção em Robespierre, TEÍSTA (não tinha nada de ateu), discípulo de Rousseau, como pode ser visto no discurso “Sobre as relações das idéias religiosas e morais com os princípios republicanos” (07.05.1794), onde relaciona as realizações positivas da Revolução Francesa ao “bom senso” e ao“gênio sem instrução” do povo, especialmente dos artesãos e camponeses.

Robespierre tinha como amigos vários padres. 

Os textos de Norman Vicent Peale (1898-1993), como “O poder do pensamento positivo” (1952), possuem, assim, uma base democrática saudável. Esta obra de Peale chegou a mais de vinte milhões de exemplares.

Normam V. Peale manteve por 54 anos um programa radiofônico chamado “a arte de viver”, numa das maiores cadeias de rádio dos EUA, que defendia linhas liberais, mas também democráticas. A parte democrática tem um bom valor, tem utilidade social mesmo.

Na mesma linha de livros de otimismo e alegria cristã, houve, no Japão, o surgimento de várias “novas religiões” (“Igreja Messiânica”, “Perfect Liberty” e outras), religiões ecumênicas, que tentaram harmonizar cristianismo e religiões orientais (neste sentido, têm enorme utilidade ecumênica, faciltando o diálogo).

Por exemplo, Masaharu Taniguchi (1893-1985) fundou a Seicho No-Ie, em 1930.

A Seicho No-Ie defende o monoteísmo, tentando uma síntese entre xintoísmo, cristianismo e budismo. Enfatiza o amor à família, à pátria, à verdade, a caridade, o amor ao próximo e o amor em geral (à natureza, às crianças etc), a ajuda ao próximo, a gentileza, a harmonia, a meditação etc.

Masaharu escreveu centenas de livros e, em todos, citou vários textos bíblicos, facilitando a evangelização dos japoneses.

O hinduísmo recente também adota inúmeros pontos convergentes com o cristianismo, como provam os textos de homens como Gandhi, Servepalli e outros.

Conclusão: o otimismo cristão fica patente também nos textos de Sertillanges e Karl Rahner. Este otimismo é muito próprio de uma religião que ensina que o “Céu” é “a apoteose do espírito e da carne” (cf. Sertillanges, “Les fins humaines”, Montréal-Canadá, E. L´Arbre, 1946, p. 97).