Angel J. Cappelletti, no livro “Etapas del pensamiento socialista” (Ediciones de La Piqueta, Madri, 1978, p. 42), transcreveu um bom texto de Galvano della Volpe (autor marxista do livro “Rousseau e Marx”, Edições 70, Lisboa), onde Volpe diz que a essência da mensagem de Rousseau sobre a liberdade igualitária seria um tipo de jusnaturalismo fundado no mérito pessoal combinado com as necessidades, uma forma de socialismo com liberdades, de democracia popular:
“na instância universal (democrática) do mérito pessoal, ou seja, na exigência de reconhecimento social de todo indivíduo humano, com suas atitudes e necessidades peculiares, graças ao qual a repartição proporcional a cada indivíduo (“diferente”) dos produtos do trabalho na sociedade comunista, desenvolvida por Marx na “Crítica do programa de Gotha”e por Lênin em “Estado e Revolução”, está destinada a representar a satisfação histórica da instância de Rousseau do mérito pessoal; neste caso, no aspecto fundamental da vida econômica do indivíduo”.
Para quem conhece os textos marxistas, o texto acima, de Volpe, é um reconhecimento do papel de Rousseau como precursor dos melhores textos de Marx e Lênin.
Rousseau e Mably eram profundamente cristãos. Logo, por via indireta, Volpe reconheceu fontes cristãs importantes no pensamento marxista.
Os textos de Marx podem ser interpretados de várias formas e no total dos textos há milhares que guardam perfeita consonância com os textos dos Doutores da Igreja.
Rodolfo Mondolfo, no livro “Rousseau e a consciência moderna”, também elogiou Rousseau, dizendo que o jusnaturalismo do mesmo assume um componente socialista. O jusnaturalismo implícito, em Rousseau e no pensamento socialista, tem como fonte o cristianismo. Mondolfo (1877-1976) escreveu vários livros sobre Marx e a filosofia grega, adotando um critério humanista e antimaterialista. Foi exilado durante o fascismo e lecionou nas cidades argentinas de Córdoba e Tucumán.