A doutrina social da Igreja sempre rejeitou o capitalismo liberal (privatização geral) e o comunismo (no sentido de estatização geral da economia).
A doutrina da Igreja sempre detestou o latifúndio e o grande capital, os oligopólios, o imperialismo, a exploração dos trabalhadores, e sempre quis transformar o regime salarial em regime societário.
A doutrina da Igreja sempre detestou ditaduras, unipartidarismo, estatizar toda a economia. A Igreja foi sempre contra a ausência de camponeses, de pequenos burgueses, de artesãos, de pequenos prestadores de serviços. A Igreja sempre amou a micro e pequena economia privada.
A Igreja foi sempre a favor de liberdades fundamentais (de pensamento, falar, escrever, expressão, de religião etc). A Igreja sempre amou as liberdades civis e políticas.
Vou explicar bem: a Igreja quer uma SÍNTESE.
A Igreja quer um extenso Estado que tenha ingerência mesmo nos atos mais importantes da vida. E quer também bens privados para todos, liberdade civis e comercial (micro e pequena, moderada, controlada), privacidade, vida particular para todos.
Acima de tudo, a Igreja quer o máximo de PROTAGONISMO DOS TRABALHADORES, TRABALHADORES CRIATIVOS, NÃO REIFICADOS, NÃO EXPLORADOS, que colham o máximo dos frutos de seu próprio suor. É a mesma base teórica de Karl Polanyi.
Ou seja, a Doutrina da Igreja é TRABALHISTA. quer o máximo de socialização e o máximo de personalização.
A Igreja quer uma ECONOMIA MISTA.
A Igreja quer intervenção estatal em cada ato econômico com primado do trabalho em cada atividade econômica. Liberdade e autoridade, em boa síntese. Máxima intervenção e máxima libertação do trabalhador.
Uma economia onde todos tenham bens e o Estado tenha bens produtivos grandes (estatais) e vasta intervenção na vida econômica.
A Igreja quer que todos tenham lares, casas ou apartamentos próprios, com móveis próprios, aparelhos pessoais, renda própria e vida pessoal e familiar protegida de intervenção arbitrária do Estado. Renda básica cidadã para TODAS AS PESSOAS, erradicando a MISÉRIA, erradicando a CONDIÇÃO PROLETÁRIA.
A IGREJA SEMPRE FOI DISTRIBUTISTA, ponto bem ensinado por Alceu e por Chesterton.
E a Igreja quer vasta intervenção do Estado, tributação para distribuir o excedente (supérfluo), apoio, subsídios, formas de regulamentação social do uso pessoal dos bens etc.
A Igreja sempre AMOU AS ESTATAIS e o Planejamento público participativo, local, setorial e geral. Por exemplo, o Banco do Brasil é de 1808, criado ANTES do nascimento de Marx. Nosso amor às estatais é pré-marxista.
Por apoiar ECONOMIAS MISTAS, a Igreja viu com bons olhos o New Deal nos EUA. Tal como o Trabalhismo na Grã Bretanha, e também o trabalhismo socialista escandinavo (Noruega, Dinamarca, Suécia, Finlândia).
Da mesma forma, viu com bons olhos o Trabalhismo na Austrália, na Nova Zelândia, no Canadá etc. Pela mesma razão, viu com bons olhos o Nacionalismo nos países coloniais e explorados, como o Peronismo, o nasserismo no Egito, o nacionalismo no Irã e na Indonésia, o getulismo trabalhista no Brasil, o nacionalismo no México com Cárdenas.
Por isso, a Igreja sempre viu com bons olhos o modelo de economia mista do Japão, nacionalista, não imperialista, basta pensar no elogio de Barbosa Lima Sobrinho.
A Igreja sempre aceitou coligações dos PDCs com os socialistas democráticos, pelas mesmas razões.
Conclusão: a Doutrina da Igreja quer uma ECONOMIA MISTA, TRABALHISTA, sem reificação, sem alienação, sem exploração, erradicando a miséria e as grandes fortunas privadas, erradicando a condição proletária.