O que é o populismo, no sentido usado pelos neoliberais

Basta ler os textos dos grandes representantes do neoliberalismo para ver o sentido do termo “populismo”.

O sentido correto vem dos grandes populistas dos EUA, da Rússia e da Europa, tal como da América Latina, os que combateram o capitalismo como modelo e combateram o livre cambismo. O capitalismo é o mercado (o grande capital) controlando tudo dentro dos países. O livre cambismo é o grande capital controlando tudo, no comércio externo, pelo imperialismo. 

Para ver como a expressão populismo é usada pela esquerda e pela direita, vejamos, primeiro, na direita. Por exemplo, o HORRÍVEL Alan Greenspann, no livro “A era da turbulência” (Rio, Ed. Campus-Elsevier, 2008, com prefácio do horrível Pedro Malan, p. 325), define “populismo econômico” como o movimento de “reformas” CONTRA O CAPITALISMO, visando substituir do capitalismo, tendo como expoentes pessoas como Cárdenas (e, depois, seu filho, Cuauhtémoc, e, hoje, Obrador, que acaba de ser eleito Presidente do México).

Para Greenspann, o populismo receita (defende fórmulas como); “redistribuição de terras e o indiciamento de uma elite corrupta”, que “rouba dos pobres”, lutando por “terra, habitação e comida para todos”. Sempre usa o termo “justiça” na “acepção redistributiva” (o sentido correto, frise-se, para o platonismo-aristotelismo-tomismo e bíblico, acrescento eu…).

Para Greenspann, “em todas as suas formas, evidentemente, o populismo econômico se opõe ao capitalismo de livre mercado”.

Greenspann lembra que o populismo teve como países chaves: “Brasil, Argentina, Chile e Peru”, que “viveram vários episódios de políticas populistas”, “desde o fim do “Segunda Guerra” (no México e no Brasil, antes). Depois, Greenspann cita, como principal populista, Hugo Chávez.

O mesmo Greenspann, na pág. 329, lista os políticos confiáveis, para os EUA, na América Latina; “Pedro Malan e Armínio Fraga Neto, no Brasil”, “Domingos Cavallo, na Argentina”, “Guilhermo Ortiz, José Argel Gurria e Francisco Gil Diaz, no México”. Os principais são: “Ernesto Zedillo, no México; e FHC, no Brasil”, ou seja, são os MAIORES ENTREGUISTAS, submissos ao grande capital internacional. 

Os líderes populistas eram justamente os elogiados pela Igreja, pela maior parte da Igreja, especialmente no Brasil, a parte liderada por Dom Hélder.

Isso fica claro nos textos de Dom Hélder. E pode ser visto, também, nos textos do padre belga José Comblin, por exemplo, no livro “O Povo de Deus” (Editora Paulus, São Paulo, 2002, pp. 158-159), onde formulou várias opiniões excelentes com base no conceito de Igreja como Povo de Deus:

A palavra “povo”, ao invés, é por excelência o título de no­breza dos pobres. O povo são justamente os que se solidari­zam, formam uma força unida, de acordo com o grito da Unidade Popular no Chile, no governo de Salvador Allende: “El pueblo unido jamás será vencido”.

“A categoria povo é tão forte que movimentos políticos ado­taram o povo como símbolo, como tema, como projeto. Houve “o partido do povo”. Vários receberam o nome de populismos justamente porque sempre se referiam ao povo e queriam ser a representação do povo em ação. Deu-se o nome de populismo aos movimentos de Cardenas no México, Peron na Argentina, Haya de Ia Torre no Peru, Velasco Ibarra no Equador, Getúlio Vargas no Brasil. Não é difícil comparar o governo de Hugo Chaves, na Venezuela, com o populismo.

“Quando os militares tomaram o poder, suprimiram a pa­lavra povo do vocabulário oficial. Falar em povo já era subver­sivo porque era desafio ao poder estabelecido – o poder deles”.

Conclusão: o socialismo latino-americano, como mostra Emir Sader, no seu livro sobre América Latina, é formado principalmente pelos “populistas”, gente que tenta defender o legado e ampliar, de líderes como Cardenas, Peron, Vargas, Haya de la Torre, Velasco Ibarra, Velasco Alvarado, Salvador Allende, Fidel, Chavez, os sandinistas, a Frente Ampla no Uruguai e outros.

O movimento Posadista, na Argentina, tem basicamente esta linha, que é também basicamente o que eu penso. Por isso, defendo o legado de Vargas-JK-Goulart, pois é a linha TRABALHISTA-NACIONALISTA, em prol de um SOCIALISMO MORENO, latino-americano, nosso.