Getúlio Vargas, em 1950, aceitava apoiar Barbosa Lima Sobrinho como candidato a Presidente

Getúlio Vargas foi eleito Presidente da república, em 03.10.1950, com 48,7% dos votos, derrotando a UDN de Eduardo Gomes, o PSD de Cristiano Machado e João Mangabeira, do PSB.

Como explica Léo de Almeida Neves, no livro “Destino do Brasil: Potência Mundial, a Era Vargas continua” (Rio, Ed. Graal, 1995, com prefácio de Fernando Gasparian), Getúlio Vargas, em 1950, não queria ser candidato.

Getúlio, já com quase 70 anos, disse, nas reuniões do PTB, que admitia apoiar vários nomes como candidato do PTB.

Getúlio apoiava nomes como Barbosa Lima Sobrinho, Osvaldo Aranha, Joaquim Pedro Salgado Filho, Valter Jobim, Nereu Barros e até Góis Monteiro. Lembro que Barbosa Lima Sobrinho, um grande católico nacionalista e trabalhista, era getulista ferrenho, o mesmo para Pontes de Miranda e outros grandes juristas.

Barbosa Lima Sobrinho foi candidato pelo MDB, em 1973, a vice-presidente, junto com Ulisses Guimarães.  

O principal, para Getúlio, era a elaboração de um “programa de governo”, que “sintetizasse as aspirações do povo brasileiro”.

Getúlio queria um grande “Plano Nacional de Eletrificação” do Brasil, o mesmo ideal de Alceu, no livro “Política”, em 1932.

Getúlio Vargas queria a reforma agrária. Getúlio criou o Instituto Nacional de Imigração e Colonização (INIC), para criar colônias agrícolas (reforma agrária, agrovilas), tal como a Carteira Agrícola do Branco do Brasil, que serviria para financiar a compra de pequenas propriedades rurais. Getúlio propos a criação do Serviço Social Rural (SSR), aprovado em 1952.

Getúlio fez ainda o Plano Nacional de Carvão, a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA), a Comissão Nacional de Política Agrária, o Banco do Nordeste, o BNDES, a Petrobrás, a Vale do Rio Doce, a Eletrobrás, a Usina Siderúrgica de Volta Redonda, a nacionalização do subsolo, quase toda a legislação trabalhista, a base da legislação previdenciária, a base dos Estatutos dos Servidores Públicos (o primeiro em 1938, depois outro em 1952), toda a estrutura dos concursos públicos etc. 

Getúlio criou a Fábrica Nacional de Motores (FNM), estatal criada para dar ao Brasil uma indústria de motores, de trens, carros, tudo estatal. Isso, para se contrapor a General Motors dos EUA, para criar carros estatais, onibus, e motores estatais.

A FNM, em seu governo, começou a produzir tratores rurais, tal como poderia criar locomotivas para trens, metros e VLTs. Uma das primeiras coisas que fez a ditadura em 64, foi privatizar a FNM, atendendo pleito dos EUA.

Getúlio criou as leis para conter a remessa de lucros e foi derrubado por isso.

Getúlio tentou dar organização estatal a agricultura, criando o Plano do Trigo e Institutos estatais para cada produto rural (acúcar, café, pinho, trigo etc). 

Como não foi possível um consenso, teve que sair candidato pelo PTB, com apoio do PSP de Adhemar de Barros e de parte boa do PSD.

Notem que o PSP de Adhemar de Barros abrigava, na época, inclusive deputados comunistas, pois o PCB estava cassado.

Assim, a candidatura de Getúlio era popular, ligado aos trabalhistas.