O grande Leão XIII, em prol da democracia popular, economia mista

Leão XIII (Joaquín Vicente Pecci, 1810-1903, Papa a partir de 1878) escreveu bons textos sobre o poder e a religião. Foram textos que encantaram Rui Barbosa, o velho Eça de Queiroz e outros autores, inclusive Zola. Para demonstrar como várias idéias da teologia da libertação (e do socialismo participativo) são baseadas numa tradição (Paidéia) bem mais antiga, vejamos algumas das idéias mais importantes de Leão XIII sobre o Estado e o Direito.

Antes mesmo de tornar-se Papa, quando era cardeal, em 1877, Leão XIII publicou várias Pastorais. Numa destas, onde condenou os erros do liberalismo econômico e pediu aos governos e parlamentos “que ponham termo, por meio de leis, ao tráfico humano que se faz com o trabalho dos meninos”, tal como à exploração dos trabalhadores.

Leão XIII clamou pela criação e difusão de uma legislação trabalhista, sindical e previdenciária que, quando for ampliada, implica na abolição do capitalismo, pois destrói as bases deste: a extração da mais-valia, as diversas formas de usura que fazem que o “capital” (meios de produção organizados de forma contraposta, com base na reificação dos trabalhadores) possa ser comparado a um aglomerado do sangue (tal como do suor e das lágrimas) coagulado dos trabalhadores (cf. Léon Bloy, 1846-1917).

Estes novos ramos do Direito brotaram e explicitaram-se à luz dos textos de Leão XIII, como prova a história do Brasil e em vários países do mundo. Quase todos os Ministros do Trabalho, que o Brasil já teve, foram ligados à Igreja, especialmente os mais à esquerda. A doutrina social de Leão XIII era pro economia popular. Foi bem elogiada por Chesterton, ponto que mostrarei em outras postagens.