A religião no mundo, dados demográficos

Há mais de sete bilhões de pessoas no planeta, em mais ou menos 140 milhões de quilômetros de superfície seca, dispersos em cinco continentes e umas 239 nações. Deste total, cerca de 54% da população mundial adota explicitamente o cristianismo e/ou o islamismo. A parte cristã, da população mundial, atinge diretamente cerca de 33,5%. Indiretamente, a cultura cristã influencia o mundo todo.

Uma das explicações da difusão das idéias cristãs está na difusão de certas línguas. No mundo, há cerca de sete mil línguas. No entanto, há dez línguas que abarcam mais da metade do planeta.

O chinês mandarim é falado por cerca de um bilhão de pessoas. O hindu por 565 milhões. O inglês por 545 milhões. O espanhol é a quarta, com 450 milhões. A quinta é o árabe, com 246 milhões. Em sexto, o português, com 240 milhões. Depois, há o bengalês, 171; o russo, 145 milhões; o francês, com 130 milhões; e o japonês, com 127 milhões. Somando o espanhol com o português, há 668 milhões, constituindo este grupo a segunda língua. Se juntar com o francês, chega a praticamente 800 milhões. No bojo das línguas latinas e gregas há milhares de idéias judaico-cristãs. Somando a estes 800 milhões o total das pessoas que falam inglês (545 mil) e russo (145 mil), totaliza cerca de um bilhão e meio de pessoas. Com os que falam árabe, italiano, alemão e outras, dá bem mais de dois bilhões.

Somando o ingles (545 milhões), o espanhol (450 milhões), o portugues (240 milhões), o russo (145 milhões), o francês (130 milhões), há cerca de cerca de um bilhão e meio, mais que os chineses.

Nas línguas surgidas dentro da cultura cristã há milhares de idéias cristãs embutidas nas milhares de palavras oriundas da Revelação judaico-cristã, inclusive na língua árabe, pois o islamismo é, a meu ver e de muitos, uma “heresia” cristã-judaica, de fundo bíblico (tendo a crença no purgatório, no poder da oração, no julgamento final, na imortalidade da alma, com altíssimos elogios a Cristo e a Maria e fundo bíblico extenso).

As obras de Charles Cutler Torrey (1863-1956), professor em Yale, sendo hebreu, mostram as influências judaicas e cristãs no pensamento de Maomé, principalmente partindo de Medina, que tinha uma grande colônia judaica.

A Igreja católica forma cerca de 17,5 % da humanidade (1,4 bilhões de batizados), sendo a parte visível da Igreja invisível, na visão do catolicismo, que é a minha. O próprio termo “católico” mostra que a Igreja deve ser ecumênica, pois “católico” é uma palavra grega, cuja tradução é “universal”.

O universalismo é assim, o catolicismo, os católicos devem ser universais, abertos à verdade, venha de onde vier, pois prezam sempre a luz natural da razão, que é salvífica, pois ao atuarmos racionalmente nos abrimos para a ação da graça (Espírito Santo), que atua em todas as pessoas. A Igreja tem mais de cem mil instituições beneficientes (orfanatos, casas para idosos, atendimento a paraplégicos, creches etc) e quase duzentos mil entidades educacionais (a maior parte para recém-nascidos e escolas primárias). Em países como os EUA, o catolicismo está em franca expansão, o mesmo ocorrendo no Reino Unido (cerca de 11%, em processo de união com os anglicanos, semi-católicos).

Resumindo, há o Papa, uns 5.000 bispos, cerca de quatrocentos e poucos mil sacerdotes, uns 115.000 seminaristas, mais de um milhão de religiosos e religiosas e mais de um milhão de diáconos e catequistas. Quase toda o continente americano é católico, boa parte da Europa, cerca de 28% da Oceania e uns 17% da África. Na Ásia é que é problemático, pois há apenas cerca de 10% de católicos. No entanto, na Ásia há uma parte imensa que é muçulmana, com crenças bem semelhantes ao catolicismo, tal como há os hindus, budistas e confucianos, também com crenças semelhantes (imortalidade da alma, crença em Deus, ética semelhante etc).

O islamismo é uma religião formada com base em idéias hebraicas e cristãs. No fundo, na visão cristã e judaica, é uma “heresia” cristã e judaica, com ampla base bíblica, como destacaram São João Damasceno, Santo Tomás e São Raimundo de Peñafort (1175-1275, frade dominicano).

Dentro do islamismo, há milhares de idéias hebraicas e cristãs que também fazem parte do cristianismo (eles admitem até uma espécie de purgatório, de purificação após a morte, tal como têm um culto mariano, pois há a “Surata de Maria”, no Alcorão, elogiando Maria). Da população mundial, cerca de 18% a 20% são muçulmanos, sendo a religião oficial de cerca de 25 países. Os xiitas são minoria, pois atingem, no máximo, uns 124 milhões (no Irã, em parte do Iraque, Bahrein, Azerbaijão e Iêmen, principalmente). Os xiitas são republicanos, pois defendem um califato eletivo. A área muçulmana é principalmente o sudoeste e parte do centro da Ásia, o norte da África e a parte de cima da Oceania (Indonésia, Malásia, Brunei, Cingapura e outras).

Mais da metade da população do planeta é cristã ou muçulmana. O número de hindus fica em torno de 900 milhões, ou seja, uns 13%. O número de budistas é de uns 380 milhões, uns 5,8%. Há também os chineses ecléticos, com uns 385 milhões, misturando confucionismo, taoísmo e budismo (em geral, maiana, sino-japonês, mas parte é maiana-tibetana). Logo, há em torno de um bilhão, seiscentos e trinta e cinco milhões de pessoas com crenças hindus, budistas, confucianos, taoístas etc. Este número equivale a pouco mais de 25% da população do planeta. Assim, somando os 54% de cristãos e muçulmanos com estes 25%, o total fica em torno de 83% do planeta.

Os hindus, budistas, confucionianos, taoístas e shintoístas ficam em torno de 25% da população do planeta e têm crenças espiritualistas, acreditam na espiritualidade da alma, nos malefícios dos pecados, numa forma de julgamento ético, em Deus e a crença deles abarca até mesmo a existência de anjos e demônios. A ética budista, hindu, confuciana ou taoísta (tal como do shintoísmo) é bem próxima do cristianismo. Os elementos salvíficos estão em todas as partes. O catolicismo acredita que tem mais elementos, sendo a mais completa e a via mais natural e fácil, mas sempre admitiu que pessoas de outros credos possam se salvar (cf. bom texto de Pio IX e de outros papas).

Em 2005, o mundo tinha cerca de seis bilhões e quatrocentos milhões habitantes, distribuídos em cinco continentes: África, Ásia, América, Europa e Oceania. Somente a Europa, com uns 745 milhões (11,64% do globo), tinha mais do que a população mundial em 1650, orçando em 553 milhões (cf. Luiz Eduardo Simões de Souza, “Elementos de demografia econômica”, São Paulo, Ed. LCTE, 2006, p. 26, com base em estudos de Pedro Beltrão).

O continente africano, com 30 milhões de quilômetros quadrados e cerca de novecentos e setenta milhões de habitantes (uns 13,70% da população do planeta), está unido, hoje, politicamente, na “União Africana” (criada em 2002, ampliando a Organização da Unidade Aficana). A União Africana une 53 países, dos cerca de 250 países (alguns ínfimos em número de habitantes) que há no mundo. Há inclusive um Parlamento Africano e um banco estatal de desenvolvimento. A população africana tem cerca de 440 milhões de cristãos, dos quais 155 milhões são católicos. Há também 380 milhões de muçulmanos. Assim, 820 milhões dos africanos são cristãos ou muçulmanos, o que totaliza 86,3 por cento da população, com crenças bíblicas.

As tradições religiosas especificamente africanas – da Nigéria (nagôs e outros), Angola, Benin (a antiga Daomé) e outros países – também têm inúmeras idéias comuns, especialmente sobre a sobrevivência da alma após a morte, a ética natural, a existência de Deus etc. As idéias cristãs já circularam pelo mundo todo e influenciam praticamente cada pessoa.

O continente asiático tem cerca de 44 milhões de quilômetros quadrados, com 3,9 bilhões de habitantes (uns 60% da população do planeta). É o continente mais diferenciado, tendo uns 360 milhões de cristãos, uns 960 milhões de muçulmanos, 868 milhões de hindus, 384 milhões de mistura chinesa (taoísmo, confucionismo, budismo etc) e há ainda 379 milhões de budistas. Há vários milhões de sikhs, judeus, baha´is, seguidores do jainismo etc.

A Federação das Conferências dos Bispos católicos asiáticos, em sua primeira assembléia plenário, emitiu o seguinte juízo positivo sobre as grandes tradições religiosas da Ásia:

Nós a aceitamos como elementos significativos e positivos na economia dos desígnios de Deus para a salvação. Nelas reconhecemos e respeitamos sentidos e valores espirituais e éticos profundos. Ao longo de muitos séculos elas constituíram o tesouro da experiência religiosa de nossos ancestrais, de onde nossos contemporâneos não cessam de extrair luz e força. Elas foram (e continuam sendo) a expressão autêntica dos mais nobres anseios de seus corações e a casa de sua contemplação e oração. Ajudaram a dar forma às histórias e às culturas de nossas nações. Como, então, podemos não lhes prestar a devida reverência e honra? E como podemos não reconhecer que Deus atraiu nossos povos a Si por intermédio delas”.

A parte norte, a Ásia setentrional, está cheia de cristãos, pois há a Federação Russa e outros países ortodoxos. A parte ocidental da Ásia é a península arábica, com países muçulmanos. A Ásia do sul é principalmente a Índia. A Ásia do leste é a China, a Coréia, o Japão etc. A Ásia do Sudeste é formada pela Coréia (com uma religiosidade própria), o Vietnam, Birmânia e outros países. No sul, há ainda o Japão e as Filipinas (católica). Na Índia, há o jainismo (ou jinismo) foi uma corrente criada por Mahavira Varhamana (uns 500 anos antes de Cristo), com idéias mais próximas do cristianismo do que do budismo). Na China, há uma mistura de idéias confucianas, taoístas e budistas, mistura que há também no Japão. O marxismo, nestes países, difundiu-se e levou consigo inúmeras idéias cristãs que estão dispersas nas idéias de Marx. O número de ateus é ínfimo no mundo todo. 

Na Europa há cerca de 745 milhões (cerca de 11,64% da população do globo), com uns 280 milhões de católicos e 170 milhões de ortodoxos, totalizando uns 450 milhões de católicos e ortodoxos. Há também uns 27 milhões de anglicanos, semi-católicos.

Na Oceania, há uns 34 milhões, correspondendo a cerca de meio por cento da população mundial. Destes, 27 milhões são cristãos, sendo uns nove milhões de católicos.

No continente americano, há uns 913 milhões de habitantes (cerca de 14% do globo), dos quais 576 milhões estão na América Latina. O número de cristãos está em torno de 753 milhões. Na América do Sul, de 576 milhões, apenas 43 milhões não são cristãos. Destes, há uns 13 milhões de espíritas e uns dezessete de outras sem denominações específicas. Há em torno de 565 milhões de católicos.

Num parêntese, para refutar o malthusianismo, basta considerar que o país de Mônaco é o que tem maior densidade demográfico, com 16.410 habitantes por quilômetro quadrado. Os países mais pobres são os da África, verdadeiros desertos habitacionais, com densidades de oito habitantes por quilômetro. A Mongólia é o país com menor densidade. A vida é bem melhor em Mônaco, na Bélgica ou no Japão do que nos países desabitados.

Conclusão: o quadro religioso do planeta prova que os elementos (sementes) salvíficos culturais circulam em todas as partes. A estes elementos, deve ser somado as luzes naturais da razão, difusa em todos. Sobre esta massa cultural, há o influxo da graça (águas da vida, espargidas em todo lugar), que atua em toda parte.