O Ecumenismo eclético católico, aberto a todas as verdades

No documento “Nostra Aetate”, do Vaticano II, o ecumenismo eclético (católico) é resumido assim:

“a Igreja Católica não rejeita nada que seja verdadeiro e sagrado nessas [outras] religiões. Ela tem sincero respeito por aqueles modos de agir e viver, aqueles ensinamentos morais e doutrinais que podem diferir, sob muitos aspectos, do que ela sustenta e ensina, mas que, não obstante, refletem freqüentemente o brilho dessa Verdade, a qual é a luz para todos os homens”.

Dando concretude a este ensino eminentemente católico (universal), que procura as sementes do Verbo em todas as culturas e correntes de idéias (como disse São Pedro, o primeiro Papa, em “Atos dos Apóstolos” 10,34-35: “Deus não faz distinção de pessoas, mas lhe é agradável quem, em qualquer nação, …praticar a justiça”), o Cardeal Franz König, autor do livro “Léxico das religiões” (Vozes, 1998), ensinava que apenas na renovação plena do universo, na parusia, será revelada a plenitude da verdade. A Providência divina dirige a história inteira, inclusive estas outras formas de religiosidade, para esta plenitude, que ainda não enxergamos totalmente.

O ecumenismo, ou diálogo, vale para as outras religiões. No entanto, vale também para as inúmeras correntes de idéias que atravessam a humanidade. Por isso, Nicolau de Cusa (1401-1464), no livro “De pace fidei”, pregava o diálogo entre as religiões, dizendo que o islamismo era um estágio preliminar para o cristianismo em termos universais. Hoje, é esta a linha preponderante da Igreja e do Conselho Mundial de Igrejas, pluralista e humanista.

Santo Ambrósio já ensinava–como antes São Paulo, a Bíblia e São Justino–, que “toda verdade, dita por quem quer que seja, é [no sentido de vir] do Espírito Santo” (“omne verum a quocumque dicatur, a Spirita sancto est”). Esta frase, como apontava Maritain, foi “várias vezes citada por Santo Tomás” (cf. consta na obra de Maritain, “Introdução geral à filosofia”, 14ª edição, Rio de Janeiro, Agir, 1985, p. 64) e esta abertura ecumênica e eclética do tomismo foi bem destacada pelo padre Leonel Franca.