Católicos e positivistas se batiam por uma Democracia Popular, com Estado social, economia mista

Jackson de Figueiredo, no livro “A questão social na filosofia de Farias Brito” (Rio de Janeiro, Ed. Revista dos Tribunais, 1919), elogiou Farias, mas o criticou porque:

“Farias Brito não compreendeu nunca que, apesar de tudo, o positivismo foi, de certo modo, uma reação contra o materialismo radical e grosseiro que vinha dominando nos centros filosóficos europeus, e também, do ponto de vista político, um movimento hostil ao liberalismo excessivo que tudo desmoralizava, fazendo ruir todos os princípios tradicionais da sociedade cristã”.

De fato, os positivistas ligados a Comte agiram ao lado dos católicos em várias boas causas, especialmente na elaboração do direito trabalhista no Brasil, na criação da Previdência social no Brasil e na criação de boas estatais. Os positivistas militaram ao lado dos nacionalistas e muitos se converteram. Basta pensar em Barbosa Lima, Barbosa Lima Sobrinho, Roberto Lyra, Roberto Lyra Filho, Evaristo de Moraes Filho, Borges de Medeiros (1863-1961), o próprio Getúlio Vargas, Rondon, Lauro Sodré e muitos outros.

Lindolfo Leopoldo Boeckel Collor (1890-1942), o fundador do Ministério do Trabalho, no governo de Getúlio Vargas, redigiu também livros importantes, como “O Brasil e a Sociedade das Nações”, “Sinais dos tempos”, “Garibaldi e a guerra dos farrapos” e outras. Este leigo católico soube elaborar uma boa síntese, unindo católicos, socialistas, positivistas e outras correntes no Ministério do Trabalho.

Os positivistas, nas Forças Armadas, também tiveram um papel bom, pois eram pacifistas, no final das contas, abominando saques imperialistas e tendo um saudável horror cristão às guerras (há poucas coisas mais irracionais que as guerras). A luta por seguridade estatal e social, a ampliação das estatais, das normas trabalhistas e outros pontos é ainda atual, é parte relevante da luta por uma república popular, social, por uma democracia não-capitalista, popular e participativa.