O Cristianismo foi o precursor das melhores ideias do socialismo democrático moderno.

O Cristianismo foi o precursor das melhores ideias do socialismo democrático moderno.

 O cristianismo foi o precursor do socialismo, pelo movimento do socialismo utópico, o socialismo cristão pré-marxista.

Assim, fica claro que, mesmo no bojo do socialismo marxista, há elementos cristãos, tal como há nas outras correntes socialistas.

Afinal, o precursor e o movimento subsequente têm, por força, elementos comuns e, por isso, a antecedência é considerada como precursora. O próprio “marxismo” é um conjunto de ideias misturadas, sendo as melhores, de origem cristã (vide Dussel e Miranda). 

 Por esta forma, por via oblíqua e às vezes explícita, grandes marxistas reconheceram a prioridade dos ensinamentos cristãos.

Reconheceram implicitamente que no bojo do que se chama socialismo/comunismo há uma porção de ideias cristãs, oriundas do socialismo utópico e do movimento democrático universal, quase todo movido por ideias cristãs e hebraicas.

 Um exemplo basta para provar a existência destes elementos cristãos e racionais e naturais: a máxima “a cada um de acordo com suas necessidades”, que é o princípio mais importante para Marx de uma sociedade comunista consta expressamente duas vezes no livro “Atos dos Apóstolos” (capítulos 2 e 4) como característica (princípio dirigente) que distinguia as comunidades cristãs, a marca específica de uma sociedade cristã. Vejamos os textos do livro “Atos dos Apóstolos” (2,44-45; e 4,32):

 “Todos os que tinham abraçado a fé reuniam-se e punham tudo em comum: vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um” (At 2,44-45);

“A multidão dos que haviam crido era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava exclusivamente seu o que possuía, mas tudo entre eles era comum” (At 4,32); e

“Não havia entre eles necessitado algum. De fato, os que possuíam terrenos ou casas, vendendo-os, traziam os valores das vendas e os depunham aos pés dos apóstolos. Distribuía-se então, a cada um, segundo a sua necessidade”.

 A fórmula “a cada um de acordo com suas necessidades” é expressamente bíblica. Idem para “de cada um de acordo com suas capacidades” (poder). E idem para comunhão de bens, que não significa eliminar a pequena propriedade pessoal, e sim amplo setor público de apoio às pessoas, para estas, um dia, pintarem, outro plantarem e terem as ações produtivas que entenderem, nos limites do bem comum. Foram textos de Saint Simon, Luis Blanc, Weitling e outros, que estes colheram na Bíblia. 

As ideias éticas do “Atos dos Apóstolos”, que narra os primeiros 30 anos da Igreja (de 33 a 63 d.C.), são claras: “não havia entre eles necessitado algum”; tinham “um só coração e uma só alma”; dividiam tudo “entre todos, segundo as necessidades de cada um”; “tudo entre eles era comum”; e distribuíam “a cada um, segundo a sua necessidade”. Estas ideias formam o núcleo do ideal do bem comum e do que há de bom nas ideias democráticas e socialistas.

 A comunhão de bens não é a estatização dos bens, e sim a titularidade (o controle) pela sociedade de todos os bens, inclusive do poder, para que todos tenham os bens necessários e suficientes para uma vida digna. Fomos criados para sermos co criadores, co governantes, co redentores, para a divinização, por participação na natureza divina, Deus habitando em nós, como base de ótimo diálogo interno, pessoal e social. 

 Deus deu os bens todos à humanidade, para que a sociedade organizasse a distribuição e o controle, de acordo com as necessidades de cada pessoa. E para que todos controlassem os bens (pelo trabalho desalienado), como está claro no “Genesis” (1,26-29). Os bens foram criados para que as pessoas pudessem povoar, multiplicar e controlar a terra, todos os bens. Moisés, que ouvia a voz de Deus e do povo, explicou bem estes pontos.