As origens religiosas do movimento socialista

As fontes teóricas de Marx são, quase todas, fontes religiosas

Marx explicitou suas fontes teóricas, quase todas PESSOAS RELIGIOSAS: São Tomás Morus (1516), citado no início do livro “O capital”, vol. I; Campanella (1602); Gerard Winstanley (1609-1652), o abade Ferdinando Galiani (1728-1787, autor do livro “Diálogos sobre o comércio de grãos”); Mably; Morelly; o Círculo Social (cujos dirigentes eram padres); o padre Jacques Roux; Babeuf e Phillipp Buonarroti (1761-1837, autor do livro “História da conspiração de Babeuf”), sendo estes dois teístas, com base em Morus, Mably e Morelly; Sismondi; William Cobbett (autor apreciadíssimo por Marx); Weitling; Buchez; Leroux; Robbertus; Saint Simon e Bartolomeu-Próspero Enfantin (1796-1864, que deixou boas obras sobre ética e economia); Owen; Fourier e Victor Considerant; Thomas Carlyle; Moses Hess e antes Spinoza; Etienne Cabet; Eugenio Buret (que influenciou diretamente Engels); Louis Blanc; Vitor Hugo; os cartistas; os irlandeses católicos (com O´Connell antes do cartismo e depois com os fenianos); o movimento de independência polonês, quase todo católico; os Cavaleiros do Trabalho nos EUA (dirigidos por um grande católico chamado Powderly); e centenas de outros autores, quase todos católicos ou cristãos.

As fontes principais de Marx são religiosas: Hegel, Saint-Simon, Santo Tomás Moorus, Morelly, Babeuf, Buonarotti, Weitling, Moses Hess, Spinoza e mesmo Feuerbach.

Analisei estas fontes e dezenas de outras em meu livro, com os textos transcritos, para deixar claro que não inventei nada, apenas pesquisei e transcrevi os textos e as fontes, como abonações.

O próprio Marx escreveu que o comunismo cabetiano era o maior na França no início dos anos 40 (antes de Marx se tornar comunista) e esta forma de socialismo utópico era difundida com base em idéias cristãs (inclusive nos bons textos de Victor Considerant, 1808-1893).

Na Inglaterra, os cartistas cristãos (Thomas Cooper e especialmente Feargus Edward O´Connor, 1794-1855, dirigente cristão da ala esquerda dos cartistas, fundador e redator do jornal “A Estrela do Norte, que era o órgão central do cartismo, autor elogiado por Marx e Engels, tal como Bronterre), foram os precursores do socialismo e o primeiro movimento operário organizado. Feargus lutava por uma extensa reforma agrária na Inglaterra.

Os cartistas inspiraram-se no movimento dos irlandeses, especialmente em líderes católicos como o grande católico Daniel O´Connell (1775-1846).

Este político foi um advogado irlandês, que encabeçou o movimento pela emancipação irlandesa. Em 1832, fundou a “Great Catholic Association” e, em 1840, como líder católico, a “Royal National Repeal”, cujos métodos em boa parte inspiraram a luta dos cartistas, pois boa parte destes era formada por irlandeses.

O próprio Feargus começou a militar entre os “repeals”.

Flora Tristan, em suas viagens a Inglaterra, conheceu os cartistas, a O´Connor e O´Brien e foi influenciada por estas correntes, tal como pelo sansimonismo.

É possível que Marx tenha conhecido pessoalmente Flora, pois ao ir para Paris, Ruge aconselhou que conhecesse Flora e George Sand, socialistas com grande religiosidade.

Nos EUA, este papel coube aos Cavaleiros do Trabalho. Esta organização nasceu em 1869 e, em 1878, tinha, como principal liderança, o católico Terêncio Powderly, um operário mecânico.

Os Cavaleiros tiveram o apoio do Cardeal Gibbons e de outros nove grandes prelados, tal como do Cardeal Manning e, por fim, de Leão XIII.

Os Cavaleiros recrutavam milhões de trabalhadores e defendiam uma forma de socialismo cooperativo.

Sobre as fontes cristãs-hebraicas do socialismo/comunismo eanarquismo, há quase 1.200 páginas em meu  livro e provam também a tese deste blog, pois o socialismo nasce como uma “democracia social” (o velho nome dos partidos comunistas durante a vida de Marx).

O apreço de Engels pelo cristianismo primitivo fica patente em suas últimas obras: “Bruno Bauer e o cristianismo” (1882); “O livro de offenbarung” (1883) e “Sobre a história do cristianismo” (1895, no ano de sua morte).

Marx, no final de sua vida, em 1881, numa carta a Domela Nieuwenhuis (um dos precursores do socialista na Holanda e também teólogo), também elogiou o cristianismo primitivo. Rosa de Luxemburgo escreveu uma linda obra. Bebel e Kautsky também escreveram obras sobre socialismo e cristianismo, elogiando o cristianismo primitivo, o que mesmo elogio que Lenin também fez.

Lênin recebeu o batismo ortodoxo e casou-se inclusive com os ritos religiosos ortodoxos.

Marx, em 1843, realizou seu casamento no civil e perante uma igreja luterana.

Engels, quando sua esposa de fato estava morrendo, no leito de morte desta, chamou um sacerdote e casou-se com a padecente, e casamento católico.

A esposa de Lênin tornou-se socialista devido a influência do tolstoismo, de Tolstoi, uma corrente anarquista profundamente cristã. Estes aspectos (especialmente as expressões religiosas usadas em suas cartas particulares) de Lênin são ocultados pela literatura estalinista.

É certo que Lênin, tornou-se ateu e, tudo indica, morreu desta forma, mas em sua formação, em suas idéias e textos existem fortes elementos cristãos.

Nas memórias de sua esposa, consta que mesmo no Natal do ano anterior de sua morte, ele participava das festas natalinas, montava sua árvore de Natal etc. Esposa de Lenin escreveu vários textos de elogios aos católicos, dando estes como exemplos para os comunistas.