O jornal espanhol El País desmonta a farsa do “kit gay” exaustivamente apresentada pelo candidato da extrema-direita a presidente, Jair Bolsonaro (PSL), para atacar o candidato da frente democrática, Fernando Haddad (PT).
Leia trecho da reportagem publicada nesta sexta-feira, 12:
“Ao contrário do que afirmou o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) em entrevista à rádio Jovem Pan em 9 de outubro, seu adversário na disputa eleitoral, Fernando Haddad (PT), não criou nenhum ‘kit gay’.
O termo pejorativo é usado por críticos para se referir ao Escola Sem Homofobia.
O material, composto por um caderno e peças impressas e audiovisuais, foi encomendado pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados ao Ministério da Educação (MEC) e elaborado por um grupo de ONGs especializadas, em conformidade com as diretrizes de um programa do governo federal lançado anteriormente, em 2004. Quando houve a polêmica sobre o seu conteúdo, em 2011, Haddad estava no comando do MEC.
A cartilha tinha como principal objetivo promover ‘valores de respeito à paz e à não-discriminação por orientação sexual’.
Não há no documento nenhuma orientação que justifique a alcunha ‘kit gay’.
Diversos especialistas em educação já se manifestaram favoravelmente ao material e entidades da sociedade civil avaliam o conteúdo como adequado para as faixas etárias indicadas.
Além disso, não é possível atribuir a Fernando Haddad responsabilidade sobre a autoria do material, porque o projeto surgiu do poder Legislativo e não foi desenvolvido diretamente pelo MEC, mas por ONGs contratadas pelo ministério.
Quando a cartilha foi vetada pela presidente Dilma Rousseff (PT), os materiais do kit ainda estavam sob análise da pasta. Por isso, o Truco —projeto de checagem da Agência Pública— classifica a frase de Bolsonaro como falsa.
A origem do material remonta a 2004, quando Haddad ainda não era ministro da Educação.
Foi naquele ano que o governo federal lançou o ‘Brasil sem Homofobia – Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra GLTB e Promoção da Cidadania Homossexual’.
No plano de implementação da proposta há recomendações para que sejam elaborados materiais educacionais que promovam valores de respeito à paz e à não discriminação por orientação sexual.”
Leia a reportagem na íntegra no El País.