Um ótimo texto do jovem KARL MARX, de quando era cristão, amigo de padres jesuítas e cercado de seminaristas católicos, no Ginásio de Trier

O jovem e adolescente Marx fez seus estudos iniciais formais no Ginásio de Trier. Acho que dos doze aos dezessete. Deve ter estudado em casa, antes.   

Este Ginásio tinha sido fundado pelos jesuítas e era dirigido pela Diocese de Trier.

Trier é uma das cidades mais antigas e mais católicas da Alemanha, sendo também a terra natal de Santo Ambrósio. A Trier, no tempo de Marx, tinha umas 20.000 pessoas, das quais apenas cerca de 200 eram protestantes e o número de judeus era menor ainda. Era uma CIDADE CATÓLICA e cheia de IGREJAS CATÓLICAS. 

O Ginásio funcionava em parte como seminário. Ali viveu um grande jesuíta, que foi um grande expoente na luta contra a matança das bruxas, no século XVII. 

Marx teve como colegas vários seminaristas católicos, inclusive o futuro bispo de Trier.  E era extremamente amigo de um dos maiores padres jesuítas, citado na carta de seu pai a Marx, em 1837. Vou fazer uma postagem sobre o grande padre jesu´íta que foi amigo e mentor de Marx, no Ginásio de Trier.

Ao mesmo tempo, o tio de Marx, na pequena Trier, era o rabino da sinagoga, congregando as poucas famílias judaicas daquela cidade.

Uma parte da fam´ília de Marx, se converteu ao catolicismo. A fam´ília de Marx ficou dividida em três partes, uma judaica, outra católica e outra luterana. 

No exame de bacharelato, Marx redigiu um ensaio chamado “Fundamento e essência da união dos crentes com Cristo”, que bem merecia constar em bons livros de teologia da libertação. Vejamos um trecho deste texto do jovem Marx cristão:

“A própria religião nos ensina que o ideal a que todos aspiram é o de oferecer-se em sacrifício pela humanidade” (…)

“Quem escolher aquela classe de atividades em que mais possa fazer o bem da humanidade jamais fraquejará perante as cargas que possam impor-lhe, já que estas não são outra coisa que sacrifícios assumidos no interesse de todos” (…).

Dirigimos nosso coração simultaneamente para nossos irmãos, que Ele [Cristo] une a nós e por quem também se sacrificou” (…).

Esse amor de Cristo também faz com que guardemos seus mandamentos, ao sacrificarmo-nos uns pelos outros”.

O núcleo mais profundo da ética cristã e hebraica é “sacrificar-se” (dedicar-se, sobrepor o interesse social ao interesse privado), santificar-se, tornar-se sagrado pela união com Deus.

Sacrificar-se é dedicar-se ao bem comum, empenhar-se pela proteção e promoção do bem do próximo, do povo, da sociedade, da humanidade.

Claro que cristão e judeus não são suicidas, a regra “ame seu próximo como a si próprio” exige que a pessoa se ame, lute por seus interesses pessoais, conciliando-os com os interesses gerais.

Esta visão lúcida e cristã do jovem Marx, com certeza, deitou sólidas raízes em sua personalidade, pois as melhores idéias de nossa adolescência marcam toda nossa vida.