A terminologia dos documentos papais sobre as “classes sociais”, especialmente nos primeiros textos, é baseada principalmente na divisão do trabalho, das funções, TRABALHOS CONCRETOS DIVERSOS.
A doutrina da Igreja ensina que uma sociedade normal pode ter várias “funções”, ou seja, trabalhos concretos variados, distribuídas, livremente, sem coerção, a “membros diversos” (Pio XII, em 04.06.1953).
Frises-se que a divisão de funções, DE TRABALHOS CONCRETOS GERANDO VALORES DE USO CONCRETOS (BENS E PRODUTOS CONCRETOS), não pode e nem deve ensejar distinções relevantes de condições de vida e, muito menos, exploração, reificação e diferenças abissais.
Por isso, João Paulo II, na “Laborem exercens”, ressalta o dever de lutarmos pela IGUALDADE SOCIAL, abolindo as diferenças em razão das funções sociais. Assim, é até normal que existam, no Brasil, cerca de três mil ocupações ou trabalhos diversos, poderia haver até dez mil ou mais trabalhos diversos e concretos, pois expressam variedade de produtos e serviços, algo bom, para atender necessidades diversas, desejos e aspirações diversas.
O ESSENCIAL É QUE DEVE SER RESSALTADO O PRIMADO DO TRABALHO, e neste PRIMADO, o PRIMADO DO ASPECTO SUBJETIVO DO TRABALHO, que todo TRABALHADOR é, ANTES DE TUDO, uma PESSOA HUMANA, SAGRADA, ESSENCIAL, DIVINA MESMO (pela intenção de Deus de se unir às pessoas e a natureza, em geral).
O aumento da técnica, da ciência, da cultural, vai apenas aumentar este número para dez mil ou mais. No entanto, todas as formas de trabalho devem ter condições básicas iguais, com geração de renda média para todos, sem relações de produção opressivas, de exploração.
A Igreja defende a variedade na sociedade, a complexidade, mas defende, também, a extinção das classes opressoras: o grande capital privado e o latifúndio, e de todas as formas de reificação, de exploração do trabalho alheio.
FRISE-SE: A Igreja quer uma sociedade IGUALITÁRIA, baseada na IGUALDADE FUNDAMENTAL DA NATUREZA HUMANA, em todos. Sem classes opressivas, sem classes exploradas. Sem a condição proletária (miséria) e sem grandes fortunas privadas (banqueiros, donos de Mega mídias, grandes capitalistas, latifundiários etc).
Voltarei a este tópico, em uns cem textos, pois é essencial explicar isso corretamente, pela diversidade terminológica que vicia a compreensão de vários textos e dificulta o diálogo, permitindo mesmo o uso de textos papais para defender iniquidades.
Este uso (distorção dos textos) diabólico que neoliberais fazem é, às vezes, endossado por marxistas anti-religiosos que ajudam os ricos, quando dificultam a aliança estratégica entre católicos e marxistas, para superar o capitalismo.