A Doutrina da Igreja é pró abolição de todos os Cativeiros, toda opressão

A caminhada rumo à “Cidade celeste” (o caminho ascensional da humanidade, cf. Vico, Herder, Turgot e outros grandes cristãos, que inspiraram Condorcet) é feita pelo cumprimento da “obrigação… de trabalhar com todos os seres humanos na construção de um mundo mais humano” (cf. “Gaudium et spes”, 57,1, texto que Teilhard de Chardin apreciaria).

Os melhores textos de Victor Hugo, ou de Marat, contra as Prisões, os Cativeiros, são textos profundamente cristãos, profundamente católicos.

Condorcet era profundamente jusnaturalista e seus textos aderem a uma forma tênue de teísmo.

Outro grande nome que merece recordação é Francesco Mario Pagano (1748-1799), discípulo de Vico, que morreu na forca, lutando pela autonomia de sua nação.

Pagano deixou obras como “Progresso e decadência da sociedade” e “Considerações sobre o processo criminal”, na linha clássica e cristã de Beccaria e Filangieri (no fundo, a linha garantista, de Ferrajoli, de Pierangeli e de Zaffaroni, do melhor do direito penal, buscando a proteção da sociedade e de cada pessoa).

O velho Jean Paul Marat gostaria de ler os escritos de bispos como Suenens, Lercaro, Koenig, Frink, Alfrink ou de Dom Hélder.

Marat, que era jusnaturalista e teísta, escreveu textos cristãos e teístas como:

Os pobres romperam o jugo da nobreza e romperão da mesma forma o da opulência. O problema está em educá-los, fazer com que conheçam seus direitos [conscientizá-los, ressaltar seus direitos humanos ligados às necessidades humanas], e a revolução [social] produzir-se-á, infalivelmente, sem que poder humano algum se possa opor a ela”.

Robespierre também era jusnaturalista e teísta. Era bem religioso e amigo de vários padres.

O “Incorruptível” Robespierre redigiu bons textos sobre democracia radical. Vejamos uma amostra dos textos do líder dos jacobinos (tendo ao lado seu amigo, Saint Just), baseados no primado da vida, do bem comum:

A primeira lei social é a que assegure a todos os membros da sociedade os meios necessários à sua subsistência. Todas as demais estão subordinadas a ela (…). Tudo o que é indispensável para conservá-la [a vida] é propriedade comum da sociedade inteira. Apenas o excedente pode ser objeto da propriedade individual”.

Os principais revolucionários franceses eram teístas e jusnaturalistas.

O mesmo ocorria nos EUA, com Thomas Paine, Thomas Jefferson, Benjamin Franklin, Washington e outros, quase todos grandes anglicanos, semi-católicos, bem próximos das idéias dos católicos.

Sobre os jacobinos, basta citar, para ilustrar a religiosidade destes políticos, os membros do Círculo Social, os “enraivecidos” (liderados pelo padre Jacques Roux), tal como Francisco Emílio Babeuf (1760-1797), Buonarrotti e o próprio Napoleão (basta ler seu “testamento”, onde morre como católico).

Eram homens com forte religiosidade. O mesmo para grandes pensadores como Kant, Fichte, Hegel, Gans ou Goethe, todos hiper religiosos, humanistas, bem próximos do catolicismo. 

O livro de Babeuf, “O cadastro perpétuo”, é baseado nas idéias de reforma agrária, da Bíblia e de Platão.

Holbach, Condorcet e Helvétius também eram jusnaturalistas, totalmente embebidos em idéias cristãs.

Diderot morreu como discípulo de Sêneca, como estóico. O estoicismo foi a principal corrente ética-filosófica dos Santos Padres e da Igreja.