O nacionalismo correto exige o internacionalismo, a consciência mundial

O verdadeiro patriotismo (nacionalismo) significa defender e proteger o bem comum de nossa família, povo, de nossa nação, sem prejudicar o bem comum da humanidade.

Significa construir estruturas do bem comum, em vez de estruturas más, de pecado social (latifúndios, multinacionais, o grande capital). 

O catolicismo ensina que, por força do quarto mandamento e da razão, devemos amar nossa família, nosso bairro, nosso círculo de amigos e vizinhos, nossa cidade, nosso estado-membro, nossa região, nosso país, nosso continente e toda a humanidade. Em outros termos, em cada conduta devemos ter em mente o bem do próximo, da sociedade.

Por isso, é um dever ser “bairrista”, ter amor à cidade natal e onde vivemos, ter amor a nosso estado-membro, a nosso país, continente e à humanidade. Este é o conceito da piedade, como ensina a Bíblia e também Santo Tomás.

O homem piedoso é o que ama a família, os amigos, os vizinhos e também a cidade, a província, o país e a humanidade (há os círculos do amor, da sociabilidade).

A doutrina da Igreja ensina que o patriotismo verdadeiro, o nacionalismo autêntico, tem bases racionais e éticas, sendo um dever pautar nossas vidas em prol da pátria, do país em que nascemos ou vivemos. A doutrina da Igreja não aceita o imperialismo, ou seja, a opressão de outros povos.

A liberdade de cada nação tem como limites o bem comum da humanidade e, por isso, uma autoridade internacional é necessária, para atualizar (realizar) o bem comum do mundo. Por esta razão, a doutrina da Igreja prega a necessidade de um governo mundial, confederativo ou federativo (democratizar a ONU, a OMS, o Banco Mundial, o FMI, a FAO, a OIT etc).

É normal e racional a participação nos movimentos nacionalistas. Basta pensar em Barbosa Lima Sobrinho, Arthur Bernardes, Getúlio Vargas, Alberto Torres (cristão de um jeito peculiar), Serzedelo Correia (cristão heterodoxo também), Eduardo Prado, o Marechal Lott, João Goulart e outros luminares católicos, que prestaram grandes serviços ao povo.

Getúlio Vargas, por exemplo, deixou a fundação de várias estatais importantes, instituições e leis sociais, que formam parte de seu legado trabalhista. O próprio Getúlio dizia que o trabalhismo cristão era a ante-sala de um “socialismo cristão”, nacionalista, democrático e popular.

Conclusão: no Brasil e no mundo, o nacionalismo foi uma corrente antiimperialista e em prol de reformas sociais.

Para verificar a importância do nacionalismo, basta pensar em Nasser, Perón, o Partido do Congresso na Índia, os nacionalistas da Indonésia, Cárdenas no México e outros. A Igreja, no governo de Cárdenas, teve paz e floresceu.

Nasser tinha religiosidade e era amigo de Cirilo VI, o Patriarca copta (Nasser colocou a primeira pedra na construção da Catedral do Cairo).

O nacionalismo sadio, que se baseia na soberania da sociedade (do povo), associa corretamente nacionalismo e populismo. Em linguagem hebraica, o nacionalismo significa “piedade”, “justiça”, zelo pelo bem comum.