A distribuição cada vez mais comanda a produção, quem controla a distribuição controla a economia

Ladislau Dowbor mostra, no livro “A era do capital improdutivo”, como as grandes empresas que controlam a distribuição-transporte obtém enormes lucros.

Os piores PARASITAS são os bancos, com a intermediação financeira. Os bancos devem ser estatizados, para que prestem serviços, com apenas taxas de serviço e manutenção. 

Dentro de cada empresa, há a extração da mais valia, de um excedente. Uma parte do ganho com a venda dos produtos vai para os trabalhadores, outra maior para repor o capital fixo e outra para o lucro do dono da empresa. Por exemplo, a empresa produz uma cadeira ou uma roupa, esta é vendida na porta da loja por dez reais. Destes dez, uns dois reais vai para o trabalhador e uns dois reais para o lucro do patrão. Depois, vejamos. 

O produto (a roupa, p. ex.), ao navegar pela cadeia produtiva, rumo ao consumidor, pelos transportes, vai subindo o preço, até chegar a noventa reais, para o consumidor final.

Na parte atacadista, a mesma roupa sobe para trinta reais.

Ao ingressar na parte da cadeia produtiva varejista, rumo aos  700 shoppings, o produto vai para noventa reais, preço da venda ao consumidor final.

Claro que se o patrão controlar a distribuição, sua parte sobe de dois a bem mais, especialmente se for o dono da loja no shopping (obterá noventa reais por camisa, pagando dois ao trabalhador que a produziu). 

Como mostra Dowbor, um quilo de café, na porta da fazenda ou unidade rural custa 0,14 dólares, em Uganda, e depois, quando chega num país rico, o mesmo quilo vai para 42 dólares, na gôndola do supermercado. O mesmo ocorre para cada litro de leite, cada quilo de carne, cada quilo de legume, no Brasil, frise-se. 

O mesmo ocorre com o mogno, o nosso quartzo, as madeiras exportadas em toras, os milhões de toneladas de minérios, de petróleo, de carvão, de grãos, de cana.

Exportar matérias primas é apenas a intensificação deste mecanismo. O Estado deve organizar a produção para cortar intermediação, encurtar cadeias produtivas. 

Vejamos como Dowbor descreve isso: “a visão que herdamos é que o lucro se gera na empresa, que paga aos trabalhadores menos do que o valor obtido. Isto sem dúvida é verdadeiro, quer chamemos o valor obtido de lucro, de mais-valia ou, de maneira mais neutra, de excedente. Não há muito a acrescentar neste debate.

“O que pretendemos demonstrar é como este lucro se desloca na cadeia produtiva. Cada vez menos é o produtor – e aqui nos referimos ao trabalhador mas também ao empresário produtivo – que se apropria do resultado do valor agregado de um determinado produto, e cada vez mais quem o faz é o intermediário”.

O velho CAREY aconselhava a proteção e industrialização de cada cidadezinha, a produção local, justamente para cortar ao máximo o transporte, a distância, encurtar a cadeia produtiva, para que o consumidor comprasse praticamente na porta da fábrica, na porta de cada granja (pequena quinta, sítio, pequeno produtor rural).

Claro que uma pequena intermediação do comércio local não iria fazer mal, pois os pequenos lojistas também prestam relevantes serviços. Os PARASITAS das grandes empresas É QUE ROUBAM grandes somas, ao controlarem a distribuição. 

O Estado deve INDUSTRIALIZAR cada pequena cidade e vila, para que a produção seja LOCAL, para que existam PÓLOS (clusters, cooperativas, na verdade, agrupando as pequenas fábricas), em cada vila, difundindo a tecnologia, o saber, aumentando a produtividade de cada trabalhador e de cada vila.