A CNBB, em outubro de 1976, publicou um texto de vinte páginas, no “Comunicado Mensal”. Ali está escrito textos como:
“Embora as diferenças econômicas não sejam pecado em si mesmas, é pecado as injustiças que as tiverem provocado” (pág. 16).
“São os pobres, os indefesos que enchem as cadeias, as delegacias, onde as torturas são freqüentes em vítimas que aí se encontram sob a acusação de não trazerem documentos de identidade, ou presos durante o “arrastão” das batidas policiais. Somente pobres são acusados e presos por vadiagem” (pág. 9).
“Para os poderosos, a situação é bem diferente. Há criminosos que não são punidos, porque protegidos pelo poder do dinheiro, pelo prestígio e pela influência na sociedade que acoberta e, portanto, é cúmplice deste tipo de injustiça” (págs. 9 e 10).
“Esse duplo tratamento (para ricos e para pobres) parece sugerir que, em nossa sociedade, só, ou acima de tudo, o dinheiro, e não o ser gente, é fonte de direito” (pág. 10).
“Por que — perguntam os bispos — só alguns podem comer do bom e do melhor, e a maioria tem que dormir com fome? (…) Por que uns ganham 30, 50, 100 mil cruzeiros por mês, e tantos não fazem mais do que o salário mínimo? (…) Por que alguns podem ir passear e conhecer o mundo todo, e a maioria não pode tirar uma semana de férias e sair com a família?” (pág. 16).
A CNBB condena claramente o “sistema sócio-politico econômico” vigente, que gera “uma ordem social marcada por injustiças e propicia à violência” (pág. 18).