O mecanismo torpe da dívida pública é baseado na usura, em juros absurdos pagos pelo Estado aos capitalistas. No fundo, é uma forma de extração da mais valia, de acumulação do capital, pelos ricos, uma forma espúria, que deve ser erradicada, aos poucos.
O mecanismo torpíssimo e genocida da dívida pública foi criticado de forma magistral por Cobbett, um jornalista católico muito respeitado por Marx, como pode ser lido em “O capital”.
Marx escreveu, numa nota de rodapé do livro “Contribuição à crítica da economia política” (1859), que William Cobbett (1763-1835) foi “o maior escritor político inglês do século”.
No livro “Teorias sobre la plusvalia” (vol. II, Fondo de Cultura Economica, México, 1987, p. 102), Marx, ao dissertar sobre a história da lei ricardiana, repetiu o juízo sobre Cobbett: “…o maior escritor político da Inglaterra deste século”).
O Vaticano, em vários documentos, na linha do grande católico Cobbett, que Marx considerava o “amior escritor político da Inglaterra deste século”, “do século” XIX, denunciou uma “dívida que assumiu proporções tais que se torna praticamente impossível o seu pagamento” e pediu o cancelamento destas dívidas, especialmente no Jubileu do ano 2000.
Cobbett foi precursor dos cartistas, lutando pelo sufrágio universal e pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores.
Cobbett denunciou também o imperialismo (no livro “Perish commerce”, “Pereça o comércio”, em 1806), inspirado no livro de William Spence.
Os textos de Cobbett influenciaram Karl Marx, sendo uma das fontes cristãs do marxismo.
Como explicou o padre José Porfírio Miranda, no livro “Marx e a Bíblia”, os ricos acumulam bens e, assim, violam a justiça social (conexa ao bem geral) e também a justiça distributiva.
Então, após (e de forma paralela a) esta acumulação primitiva (tendo como causa a violência, fraudes, usurpações etc), passam a acumular ainda mais o capital, violando sistematicamente a justiça comutativa, apropriando-se de quase todo o produto gerado pelo trabalho alheio, extraindo a mais-valia. Pagando, como é feito no Brasil, duas horas apenas de uma jornada de oito horas diárias e apropriando-se do fruto do trabalho alheio não remunerado (“colhendo, o que não plantaram”), ponto que foi criticado na Bíblia, por Cristo, Moisés, Isaías, Amós, São Tiago e em outros textos.
Os grandes ricos colhem o que não plantaram, pegam os bens gerados pelo suor do outro, espremem a atividade vital do trabalhador, para extrair desta atividade vital do trabalho, do corpo do trabalhador, o sangue que é coagulado na forma de dinheiro, do capital (bens de produção contrapostos, objetivados, fora do controle, transformados em vampiros do trabalhador).