Protecionismo é legítima defesa e necessidade social, cf. Friedrich Engels, 18.06.1892

Friedrich Engels, o parceiro de Marx, em carta a Nikolai-on, em 18.06.1892, defende o protecionismo, escrevendo: 

Escritores ingleses, ofuscados por seus interesses nacionais, não podem compreender por que o exemplo livre cambista, dado pela Inglaterra, é rechaçado em todas as partes e substituído pelo princípio das tarifas protecionistas. 

“Naturalmente, o que ocorre é que não se atrevem, simplesmente, a ver que este sistema protecionista – hoje quase geral – não é mais que uma MEDIDA DEFENSIVA mais ou menos razoável (em alguns casos, inclusive, absolutamente estúpida) contra o LIVRE CAMBISMO inglês, que levou tão longe o MONOPÓLIO INDUSTRIAL britânico. Estúpido é, por exemplo, essa medida no caso da Alemanha, que, sob o império do livre câmbio, converteu-se num grande Estado industrial, e onde as tarifas se estendem agora aos produtos agrícolas e matérias primas, o que aumenta o custo da produção industrial. 

Considero esta CONVERSÃO GERAL AO PROTECIONISMO não como uma simples casualidade, mas como uma reação contra o insuportável monopólio industrial da Inglaterra. 

A forma que assume essa reação pode ser, como eu disse, equivocada, inapropriada ou ainda pior, mas sua necessidade histórica me parece complemente clara e evidente”.

Meu comentário – lembro que mesmo a Alemanha adotou medidas protecionistas e estas foram essenciais para desenvolver uma base industrial.

Mesmo com um Estado Mundial, uma Confederação Mundial, haverá Estados nacionais.

Cada Estado deve proteger sua base industrial, tal como cada Região dentro dos Estados, e cada Município, para que o desenvolvimento industrial e do trabalho seja espalhado, difundido, obtendo aumento da produtividade em cada quadrante, em cada quilômetro quadrado, com divisão social do trabalho justa, sem exploração.

Não é correto é desequilibrar a economia, reduzir uns a mineiros de ferro e outros a siderúrgicos, uns plantadores e outros industrializando. O correto é agro-indústria, é difundir a indústria, em cada Município, em cada pequenina cidade, para difundir o conhecimento da técnica e da ciência, em cada Município. O MST tem ideias semelhantes, defendidas pelo norueguês Erik S. Reinert.