As linhas gerais de uma boa economia mista, centrada nas demandas do povo

A Doutrina da Igreja defende economia mista. A eliminação gradual da extração da mais valia, com redução da jornada e aumento da parte do trabalho (da remuneração do trabalho) irá aumentar a parte do trabalho nos frutos da produção, aumentando o número de bens, produtos, acessíveis aos trabalhadores.

Todos devem ter casas e boas casas ou apartamentos, ponto que Karl Kautsky soube expor, num texto belíssimo, que vou postar, ao tratar da questão agrária.

Ao lado de milhões de pequenas e micro propriedades pessoais, e de micronegócios e pequenos negócios familiares, é essencial que exista um vasto Estado social, com grande porção de bens públicos, gratuitos, acessíveis a todos. Gratuidade na relação social.

É essencial um vasto conjunto de bens públicos, ativos públicos, setor público extenso, como explicava Mably. Um bom número de várias formas de propriedade comunitária.

As propriedades públicas são apenas uma espécie deste gênero e também devem estar sob o controle dos trabalhadores (co-gestão ou autogestão, em todas as estruturas).

A maioria dos Papas defenderam a estatização de grandes bens, especialmente de grandes bens produtivos, de grandes empresas. Por exemplo, Pio XII, na “Quadragesimo Anno”; Pio XII, no discurso de 07.05.1949; João XXIII, na “Mater et Magistra” e na “Pacem in Terris”; e Paulo VI, no “Populorum Progressio”.

Da mesma forma, vários Papas (Pio XI, João XXIII, Paulo VI na “Populorum Progressio” e no documento de Puebla) condenaram expressamente o imperialismo econômico (usaram a expressão “imperialismo internacional do dinheiro”), os latifúndios, os oligopólios privados, o grande capital privado, as grandes fortunas privadas etc.

A encíclica “Populorum Progressio” defendeu também a planificação estatal participativa e a reforma agrária.

Então, quando Paulo VI, em 26.02.1967, publicou a “Populorum Progressio” (“Do progresso do povo”, a agência soviética Tass distribuiu à imprensa soviética alguns trechos do documento pontifício, repetindo os elogios que já fizera a “Mater et magistra”, de João XXIII, em 1961. A URSS elogiava o Papa. 

Enquanto o jornal “Wall Street” atacava esta encíclica, “Populorum”, dizendo que teria ocorrido “infiltração marxista”.

João XXIII, na “Mater et magistra” (n. 172), disse que o imperialismo era a renovação do “antigo e corrupto colonialismo” e “um perigo para a paz mundial”.