O populismo está ligado à teologia da libertação, sendo essencial à libertação do povo

Frei Betto, no “Catecismo Popular” (Editora Ática, São Paulo,1992, p. 172), discorreu sobre a teologia da libertação, escrevendo:

O que é teologia da libertação. Hoje em dia, fala-se muito em Teologia da Libertação (TdL).

O presidente Reagan chegou a considerá-la “muito perigosa” aos interesses norte-americanos na América Latina.

Fidel Castro disse que ela é mais importante do que o marxismo para a transformação das estruturas injustas em nosso Continente.

E o papa João Paulo II, em carta aos bispos brasileiros, declarou que ela é “oportuna, útil e necessária à Igreja” na América Latina.

A Teologia da libertação (TdL) nasce das CEBs surgidas na América Latina a partir dos anos 60 e início dos anos 70. É a reflexão de fé dos pobres, dentro de suas lutas por libertação, que produz as bases da TdL. Porém, ela foi sistema­tizada pela primeira vez pelo teólogo peruano Gustavo Gutiérrez, em 1971, em sua obra Teologia da Libertação (Petrópolis, Vozes)”.

A teologia correta (com fundo bíblico e nos Santos Padres) defende a socialização, essencial para a libertação, para assegurar o primado à subjetividade, ao trabalho, à pessoa (daí o termo personalismo ou personalista).

Sobre este ponto, vale a pena transcrever um pequeno texto de Paul Singer (de um livro das edições “socialismo em discussão”, da Editora Fundação Perseu Abramo):

No seminário anterior, “socialismo no ano 2000: uma visão panorâmica”, Marilena Chauí lembrou que não há socialismo sem a socialização dos meios de produção. Penso que esta é a questão central.

Os clássicos definiam a economia socialista como constituída “pela livre associação dos produtores”, o que implica o fim de toda e qualquer subordinação dos trabalhadores. Se formos levar isso a sério, parece-me evidente que “socializar os meios de produção” não poderá ser submetê-los a uma vontade única, a um plano concebido e implementado a partir de um único centro de poder”.

Paul Singer, neste ponto, mostra que um bom modelo de socialismo deve ter a combinação do controle dos trabalhadores sobre os meios de produção com formas participativas de planejamento, ou seja, ECONOMIA MISTA, o máximo de personalização com o máximo de socialização, em boa síntese. Os burgueses devem ser substituídos por trabalhadores conscientes e participativos, e não por burocratas.

Pio XI, na “Quadragesima Anno”, capítulo 59, ensinava que “esse é o fim que o Nosso Predecessor proclamou como devendo ser alcançado: a redenção do proletariado”. Redenção é sinônimo de libertação, liberdade, espontaneidade, fim das opressões. Sinônimo especialmente de libertação, de luta contras as opressões (como fica claro na festa maior do cristianismo e do judaísmo: a Páscoa, com os exemplos de Moisés e Cristo).