Alceu Amoroso Lima, no comentário ao parágrafo 34 da Mater et Magistra, cita as opiniões respeitáveis de Johannes Messner (A Questão Social), do Pe. Jean Villain e de Haubtmann, praticamente os grandes teólogos que melhor explicavam as Encíclicas.
Estes grandes Teólogos lembravam, de novo, que “formas de socialismo, como os modelos defendidos pelo trabalhismo inglês, pelo S. P. D. alemão ou pelo P. S. U. francês, de socialismo democrático, nunca foram condenados, ao contrário, os conteúdos decorrem muitas vezes dos textos religiosos. E isso foi dito quando o trabalhismo inglês era bem diferente do tal “novo trabalhismo”, de Anthony Giddens ou do traidor Blair.
Alceu cita Jean Villain, Johannes Messner e Haubtmann, para embasar esta afirmativa a favor da adequação entre Doutrina social da Igreja e os grandes conteúdos dos Programas dos Partidos Trabalhistas e dos Partidos Socialistas Democráticos, especialmente o Alemão e o francês.
Na mesma linha, o livro de Lourenço Dantas, no livro “Tristão de Athayde, Diálogo” (São Paulo, Editora Brasiliense, pags. 65/66), traz um trecho de Alceu. Este ensinava, em diálogo com o Lourenço Dantas:
“O chamado socialismo cristão é o socialismo com liberdade.
– O Sr. o aproximaria então da social-democracia européia?
[Alceu] -Ah, sim! Ressalvo apenas que eles têm raízes filosóficas e metafísicas distintas, mas no plano prático, da execução dos princípios, não vejo grandes diferenças entre um e outro.
A social-democracia aplica a preeminência do social sem discutir as origens da limitação que os direitos dos indivíduos têm na estrutura social e, por isso coincidimos perfeitamente em quase todos os pontos de aplicação prática.
A visão da social-democracia [na época, denominação para socialismo democrático] é, nesse plano, perfeitamente coincidente com a concepção cristã, segundo a qual o individual tem de se compor com o social.
Em resumo, desde que o social represente uma coordenação de deveres com direito, a social-democracia é perfeitamente conciliável com a doutrina social da Igreja, com a democracia cristã.
O mesmo não ocorre com o socialismo marxista, porque, enquanto a social-democracia se limita à regulamentação dos direitos e deveres no plano social e jurídico, o marxismo discute as origens filosóficas de tudo isso de uma forma que entra em choque com a doutrina da Igreja”.
A “social-democracia” referida era o socialismo democrático, tendo como marcos, na Europa, o socialismo escandinavo de Olof Palme, da Noruega, o trabalhismo inglês ( e australiano e da Nova Zelândia), o socialismo francês, espanhol, italiano etc.
Estas formas de socialismo estavam se difundido, inclusive no mundo árabe (o nasserismo, os partidos Baas no Iraque e na Síria, Kadafi, Khomeini e outros).