O liberalismo econômico, ideologia do capitalismo, no campo teórico, contraria totalmente a ética cristã.
Da mesma forma, o sistema econômico do capitalismo, na prática e na teoria, afastou-se da ética e feriu dezenas de preceitos, quando espezinhou a dignidade humana, quando mutilou milhões de pessoas, de corpos, em formas de trabalho reificantes.
A ética cristã manda que a pessoa controle, de forma inteligente, as paixões, os bens e os atos. Os mesmo ensinamento vale para os bens materiais, que devem ser usados por todos de forma inteligente, logo, de forma ética, em adequação ao bem comum, ao bem de todos, para florescimento da vida de todos.
O Conde dalla Torre, diretor do Osservatore Romano, órgão oficioso da Santa Sé, na 2.ª Ed. de 08.05.1949, explicitou a condenação do capitalismo:
“O capitalismo é ateu, não em força de uma filosofia, porque não a possui, mas na sua prática que (isto não é jogo de palavras) constitui a sua filosofia: prática de desejos insaciados, de pilhagem, de avareza, de prepotência, de dominação”. (in O Legionário, 18/12/1949, Trad. do Pe. Enzo Campos Guzzo).
A ética cristã exigiu e ainda exige e a intervenção e o controle estatal ( planejamento) sobre preços, atos econômicos etc. Exige uma ampla infraestrutura econômica estatal. Condenando o capitalismo liberal, a Igreja também condenou formas de capitalismo estatal totalitárias, ou seja, a estatização total da economia.
No final das contas, a Igreja defendeu um modelo de economia mista, com amplíssima difusão da pequena e média propriedade, cooperativas ( para congregar as pequenas unidades e para médias e grandes unidades) e estatais com co-gestão. Para coordenar tudo em prol do bem comum, exige planejamento participativo geral e setorial, regional, e por ramos produtivos, no Estado e nas unidades produtivas.