Como deve ser a substituição das importações, bom depoimento de Marcos Pereira Vianna

“Mais barato e mais eficiente. 
A regra fundamental do programa do governo Geisel era substituir as importações de forma competitiva, em termos internacionais.

Não era substituir por substituir a custos elevadíssimos.

Era substituir importações de quê? De celulose e papel etc.

O Brasil tem um território com condições e dimensões continentais; tem clima e calor. A combinação calor e umidade é o que faz a planta crescer. Não é como na Escandinávia ou no Canadá, onde ela cresce no verão e descansa no inverno. Aqui ela cresce o ano inteiro. Em sete anos, o eucalipto está adulto, com uns 35 centímetros. Lá, uma árvore chega ao ponto de corte com oitenta anos, aqui chega em sete.

Se for usada uma boa tecnologia da parte industrial, a produtividade da terra é dez vezes maior. Era essa a substituição.

O Brasil era importador de papel, de fertilizantes, especialmente fertilizantes fosfatados. 

A indústria não era indústria. Importava-se rocha fosfática, importava-se ácido fosfórico para Cubatão, onde era misturado e ensacado para ser usado na agricultura. Dali, o fertilizante atravessava a Serra do Mar, de caminhão ou trem, e ia para Minas, para Goiás, a milhares de quilômetros. A indústria era localizada no litoral por quê? Porque era feito apenas o ensacamento do que vinha da indústria de fora.

E nós tínhamos rochas fosfáticas abundantes em Araxá, em Minas, e naquela região serrana, de São Paulo. Então, fizemos construir usinas de fertilizantes em Araxá, a Arafértil, e a Fosfértil.

A matéria-prima local já estava perto do centro de consumo. Saía mais barato e era mais eficiente. Então, foi essa a substituição de importações deflagrada”.

Marcos Pereira Vianna, engenheiro, ano do depoimento: 2002