O ideal político e econômico, histórico e existencial, concreto, da Igreja é uma democracia popular, econômica e política, participativa, uma síntese da democracia direta com a indireta.
A democracia participativa é também uma síntese entre economia pública e privada (pequena, familiar, cooperativas), de economia mista, com reserva para o Estado ou para cooperativas dos bens que atribuem muito poder (por estatais, fundações e planejamento público participativo).
A democracia participativa é baseada ainda numa síntese entre parlamentarismo e presidencialismo.
Trata-se, esta mistura de parlamentarismo e presidencialismo, de um modelo que há, mais ou menos, na França e em Portugal, recomendado pelo jurista católico, Dalmo de Abreu Dallari e por Jô de Araujo, vulgo “Frei Chico” (amigo de Frei Betto).
O livro do padre Camilo Torres, “Cristianismo e revolução” (São Paulo, Ed. Global, 1981, com apresentação de Dom Pedro Casaldáliga), traz os discursos do padre Camilo e sua Plataforma da Frente Unida Colombiana.
Nos discursos, fica evidente que o padre Camilo, que foi assassinado em 1966, defendia o ideal da Igreja, ou seja, um modelo de democracia popular, participativa e social, antiimperialista, anticapitalista e anti-oligárquica. Uma democracia onde o “poder real” fosse do povo organizado, e não da oligarquia.