O ideal da Democracia econômica popular, economia mista, trabalhista

O ideal da Democracia popular econômica é o ideal de Ignacy Sachs, de Joseph Stiglitz, de Ladislau Dowbor, de Paul Singer, Márcio Porchmann, Piketty e outros milhares de autores. 

Também é o ideal da Tradição da Igreja, da doutrina social da Igreja (vide textos de Pavan e Alceu).

O ideal (meta, ideal histórico possível, concreto, hoje) da Democracia popular econômica exige democracia econômica, política, social, cultural etc, como bem expôs o padre Fernando Bastos de Ávila, Alceu, Dom Hélder e outros.

É um ideal que , contém idéias que pugnam pela democratização do Estado, mas também das principais relações, especialmente das relações econômicas, das unidades de produção e de todo o processo produtivo, tal como de todos os processos decisórios que interessam aos membros da sociedade. 

Em uma palavra (mot), toda sociedade deve ser uma irmandade, tendo uma estrutura fraterna, igualitária, horizontal e humanista.

A importância da democratização da economia foi apontada por autores como Paul Singer, Ladislau Dowbor (vide “Democracia econômica”, Petrópolis, Vozes, 2008), Boaventura de Souza Santos, Maurício Tragtenberg e outros grandes autores.

O ideal cristão e humano é uma democracia real, verdadeira, popular, não-capitalista, uma democracia participativa, social, popular, cooperativa e comunitária.

A doutrina da Igreja defende, como medidas graduais de transição, inúmeras reformas sociais, por exemplo, a redução da jornada de trabalho para seis ou sete horas (a meta é seis horas, no máximo, cf. São Thomas Morus preceituava), a estabilidade no emprego (só deve haver demissão por falta grave, como recomenda a OIT), a renda cidadã, a co-gestão, a participação nos lucros, a transparência contábil, a humanização das relações trabalhistas e outras mediações.

Ao mesmo tempo, BBC, estatização dos bancos, jazidas estatais, altos tributos redistributivos, ferrovias estatais, boas estatais para oligopólios, reforma agrária campesina e cooperativista semi-pública (com ampla gestão e ajuda estatal), protecionismo, formas de planejamento público participativos etc. 

Todas estas reformas tendem a uma finalidade clara e geral: superar (abolir) a relação salarial (a reificação, a redução da pessoa à coisa), ultrapassar o regime assalariado, a base econômica do sistema capitalista, para gerar uma economia societária, uma economia cooperativada e social, tanto pública quanto privada, em todos os níveis (cf. explicou João XXIII, na “Mater et Magistra”).

Como ensinaram Dom Hélder e Alceu, o regime almejado, nosso ideal histórico atual, deve sintetizar personalização e socialização; autogestão, formas de co-gestão, autonomia, formas de gestão pessoais, distributismo, boas estatais, sistema tributário distributivo e planificação participativa e popular.