A Voz de Deus é proferida por meio de mediações, especialmente a Voz do Povo

Leão XIII, em 15.10.1890, na encíclica “Dall´alto dell´Apostolico Seggio”, ressaltou que “o poder”, o núcleo, “da religião cristã” é fazer com que as pessoas se autodeterminem. Esta lição foi também ensinada na “Libertas” e na encíclica que redigiu para impulsionar a abolição de escravos, no Brasil. 

O mesmo ensinamento vale para todo poder legítimo, inclusive o Estado.

O poder, controlado pela sociedade e difundido, sem concentração, torna-se uma instituição libertadora e tem a tarefa (finalidade) de assegurar e promove a libertação de todas as pessoas.

Este é o critério de legitimação de todo poder. O poder que escraviza e oprime é um poder mal e iníquo; o poder legítimo é baseado na liberdade das pessoas, no consenso e no bem comum.

A religião opera “derramando sobre as mentes a luz da verdade”, para que as pessoas passem a “ouvir a voz da consciência e do dever”, ou seja, “a voz da verdade”, a Voz de Deus que é o Diálogo com Deus, pois Deus gosta mais de ouvir do que falar….

As idéias corretas, verdadeiras, devem ser o núcleo do poder, que deve apenas explicitá-las, sendo, assim, consensual.

A verdade é a voz (as idéias) de Deus na consciência humana e isso está claro até no papel do coro nas peças de Ésquilo, pois o Coro personalizava a voz de Deus e também a voz do povo.