Hans Küng, que foi por 30 anos (1965-1995) diretor da seção Ecumenismo da revista “Concilium”, estabelecia como premissa central do ecumenismo: buscar os pontos comuns com base nas fontes comuns. Com base nesta premissa, escreveu: “o que une todas as grandes religiões deveria ser bem realçado com base nas fontes”. Estes pontos comuns forneceriam “o máximo de consenso ético possível” e, para isso, bastaria “tomar consciência do que já é comum entre as culturas e religiões”.
Este método, também foi adotado por Alceu Amoroso Lima, quando buscava as sínteses, os pontos de equilíbrio e medida. Uma carta de Alceu a sua filha freira, de 03.09.1960, diz:
“só entrei [na Igreja] quando vi e senti que ela não era uma, mas múltipla. E que sua unidade não era unicidade, nem uniformidade, mas plenitude” e
“… tudo o que é verdade é católico, em qualquer religião, qualquer partido, qualquer época, qualquer pessoa, desde o ateu ao místico mais canonizado pela Igreja”, o que explicava sua “paixão pelas distinções”.
As boas distinções – os bons discernimentos, as boas análises, as boas classificações – separam o trigo mesclado e, por boas sínteses, esboçam as “pontes” para a colaboração visando o bem comum.
Este método de ecumenismo deve ser aplicado também em nosso diálogo com as grandes correntes de pensamento, como o socialismo, a psicanálise, o existencialismo e o marxismo. A medida fina – harmonia, equilíbrio fino – é o fruto do discernimento, da extração cuidadosa do trigo presente no meio do joio, colhendo o bebê no meio da água suja.
O ecumenismo faz parte integrante do catolicismo-universalismo (o termo católico é uma palavra grega, que significa “universal”, “geral”, “comum”) e é uma das características antropológicas da teoria cristã sobre o poder: a base da união – do poder, da concórdia, da harmonia – é o diálogo, com base nos pontos consensuais.