Pio XII, em 20.02.1946, no documento “La elevatezza”, ensinou que “a sociedade, no seu conjunto” tem “a sua origem próxima” na “pessoa humana, imagem de Deus”, abonando, assim, a tese de Suárez e dos Santos Padres, que ensina que as pessoas (a natureza, especialmente as pessoas) são a “origem próxima”, imediata, do poder legítimo, do direito justo.
Deus é a Causa Primeira, Mediata, atuando, em geral, por mediações, pelo povo, pelas pessoas. Em outros documentos, Pio XII elogiou Suarez e São Roberto Bellarmino, Doutor e Santo da Igreja, ambos jesuítas.
Pio XII foi bem claro: “a família e o Estado”, “como a sociedade mesma em geral, tem sua origem próxima [imediata] e seu fim [finalidade] no ser humano completo, na pessoa humana, imagem de Deus” (estes textos foram bem explicados por Alceu, Edgar de Godói da Matta Machado e outros luminares, no Brasil).
Enfim, Deus é a fonte mediata, última, originária, Fonte Primária, Motor primeiro, mas atua por mediações. Suárez explicou esta tese interpretando os melhores textos da Patrística e do tomismo, expondo a tese principalmente no livro “De legibus” (livro III, capítulos I a IV) e na obra “Defensio Fidei contra Jacobum regem” (livro III, capítulos I a III, onde refutou o rei Jaime I, da Inglaterra, que era anglicano).
Num parêntese, Jaime I (1566-1625) era o filho de Maria Stuart. Ele sucedeu a rainha Isabel, anglicana, no trono da Inglaterra, em 1603. Já no início do seu governo enfrentou a Conspiração da Pólvora, em 1605, articulada com a ajuda dos jesuítas.
Um dos primeiros atos e Jaime I (também rotulado como IV) foi a expulsão dos Jesuítas. Expulsou também os primeiros batistas. Os textos monarcómacos dos jesuítas foram também queimados em Paris, quase simultaneamente. O rei Jaime I (também conhecido como Jaime IV), o primeiro monarca da Casa dos Stuarts, era dado às letras e, apesar do pecado de ser absolutista, teve o mérito de organizar a famosa tradução da Bíblia, chamada “Bíblia do rei James” (1611), com excelente texto inglês. Texto que marcou profundamente a língua inglesa, junto com os textos de Shakespeare (1564-1616), o gênio dramaturgo que teve o apoio de Jaime I. Hobbes apoiou a causa dos Stuarts, apoiando o absolutismo, e criticando Bellarmino, Suarez, Mariana e outros padres da Igreja, que defendiam a democracia.