“A cada um, de acordo com suas necessidades”, regra bíblica At 2,44; e At 4,32

Os bens, a natureza inteira, foi feita para atender às necessidades reais das pessoas. Pio X, na “Il fermo proposito” (11.06.1905), ensinou: cada país (e cada bairro, cada município, região etc) tem suas “necessidades próprias”, específicas de “cada nação”, sujeita às “circunstâncias peculiares”. O “andar dos tempos”, o rio da história, produz diversidade (“diversamente”), produz formas históricas, que são medidas, no fundo, pelo critério do senso comum, das ideias práticas do povo, correlacionadas ao bem comum (estes pontos estão também em Michel de Montaigne (1533-1592) e Montesquieu, dois grandes católicos).

Vejamos os textos mais completos, do livro “Atos dos Apóstolos” (2,44-45; e 4,32):

“Todos os que tinham abraçado a fé reuniam-se e punham tudo em comum: vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um” (At 2,44-45);

“A multidão dos que haviam crido era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava exclusivamente seu o que possuía, mas tudo entre eles era comum” (At 4,32); e

Não havia entre eles necessitado algum. De fato, os que possuíam terrenos ou casas, vendendo-os, traziam os valores das vendas e os depunham aos pés dos apóstolos. Distribuía-se então, a cada um, de acordo com suas necessidades”.

Hoje, o ideal histórico, entrevisto pela consciência social, é o de uma grande democracia social, popular, participativa, cooperativa, comunitária, distributista, não-capitalista, não-latifundiária, não imperialista.

Este é nosso Cruzeiro do Sul, nossa “Estrela do Norte”, que nos guia, no mar da história. Esta foi a inspiração de grandes sacerdotes, como o padre José Vicente Ducattillon (vide “Dios y Libertad”, Buenos Aires, Ediciones de Ordem Cristiano, 1945), um padre elogiado inclusive por Prestes.

O ideal de um Estado popular, sob o controle do povo organizado, foi o ideal dos Papas, especialmente de Bento XIV, Pio VII, Leão XIII, Pio XI, Pio XII, João XXIIII e Paulo VI.

Paulo VI, na “Populorum Progressio” (1967), cita vários autores que esposaram este ideal e inspiraram o próprio Paulo VI. Autores como: o grande padre Louis Lebret, Jacques Maritain, Collin Clark, Lubac, Chenu e o grande padre Oswald von Nell-Breuning (discípulo do grande padre Heinrich Pesch, 1854-1926). Também foi o ideal do bom padre Patrick de Laubier.