A primeira obra sobre socialismo, no Brasil, foi o livro do General Abreu e Lima, “O socialismo” (Recife, Typographia Universal, 1855), obra que foi a primeira obra sobre socialismo no Brasil (tenho a grata honra de ter a primeira edição). Notar a data, 1855, quando Marx ainda engatinhava, como liderança.
O socialismo, no Brasil como em vários outros países, nasce e se difunde na forma de socialismo utópico, cristão, católico.
O socialismo nasce na forma de socialismo católico, inspirado em Buchez, Lamennais, Sismondi e outros autores, que também influenciaram a Liga dos Justos (Schuster, Weitling, Becker, Schapper e outros), antes de Marx.
Barbosa Lima Sobrinho, um católico nacionalista pró-socialista, filho de Barbosa Lima (positivista convertido à Igreja), fez o prefácio da reedição deste livro.
O General Abreu e Lima era filho do padre Roma, que foi morto, como mártir, na Revolução de 1824. Abreu e Lima foi para a Colômbia e teve a honra de lutar, como General, ao lado de Simon Bolívar, retornando, depois, para o Brasil.
A influência de Lamennais e de Buchez sobre o General Abreu e Lima foi clara. Em relação a Lamennais, um grande católico, autor das “Palavras de um crente”, Aprígio de Guimarães destacou o quanto Lamennais “influiu no pensamento de outro teórico pernambucano do socialismo [Abreu e Lima], vulto romântico até a sua vida inquieta e cheia de aventuras que lembra uma biografia romanceada maneira dos Zweig e dos Maurois – o general Abreu e Lima”.
Antônio Pedro de Figueiredo, em 07.08.1852, um grande católico negro, também já defendia uma forma de socialismo democrático, com fundamentação religiosa, ligada a Buchez, para “reformar o estado social atual em prol do melhoramento moral e material de todos os membros da sociedade”.